Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2019
Depois de demitir quatro integrantes do primeiro escalão em nove meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro tem uma conta difícil para fechar até o final do ano: como lotear a Esplanada dos Ministérios para políticos aliados, passar a mensagem de que a reforma ministerial não será um “toma lá dá cá” e ainda se livrar de assessores com mau desempenho.
A ideia em estudo no Palácio do Planalto para fechar essa equação não é a de realizar uma ampla reforma ministerial, com uma série de anúncios simultâneos, mas fazer alterações a conta-gotas ao longo dos próximos meses, evitando um movimento abrupto que desestabilize o governo.
Segundo auxiliares palacianos e congressistas aliados, a iniciativa é motivada por três fatores: insatisfação do presidente com o desempenho de titulares de alguns ministérios, tentativa de ampliar o atual arco de alianças e o esforço de enxugar a máquina pública.
Para promover as mudanças, o Ministério da Economia e a Casa Civil discutem em conjunto, de acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, um plano de reestruturação que sugere a fusão de pastas e a redução de secretarias. A palavra final, no entanto, será de Bolsonaro, que ainda não tomou uma decisão sobre o tema.
Nos últimos meses, o presidente tem dado sinais de que está descontente com o desempenho de dois ministros: Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, e Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional.
O primeiro tem causado dor de cabeça a Bolsonaro desde o início do ano, após a imprensa ter revelado, em fevereiro, que ele patrocinou um esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais.
Desde então, o presidente tem sido pressionado tanto por integrantes da cúpula militar quanto da equipe econômica a afastá-lo. A ideia em discussão é que o Turismo seja rebaixado ao status de secretaria e incorporado pelo Meio Ambiente.
Canuto ficou perto de perder o cargo em maio, quando o Legislativo negociou com a Casa Civil mudanças na estrutura do governo, para que fossem recriadas as pastas das Cidades e da Integração Nacional. Na época, a ideia era entregar o comando das duas estruturas para partidos políticos.
Em meio a críticas, a ideia foi abandonada, mas a insatisfação com Canuto persistiu. A avaliação tanto do Planalto quanto do Congresso é de que o cargo é eminentemente político e, por isso, precisa ser ocupado por alguém que saiba desempenhar essa função – o que não é o caso hoje.