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Por Redação O Sul | 13 de maio de 2019
O governo brasileiro cancelou a edição latino-americana e caribenha da Semana do Clima, que ocorreria entre os dias 19 e 23 de agosto em Salvador (BA). O encontro, organizado pela UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), é um dos eventos preparatórios para a COP25 (Conferência do Clima), que será realizada em dezembro em Santiago, no Chile.
Inicialmente, o Brasil foi escolhido para receber a convenção, mas no final do ano passado, a pedido do presidente eleito Jair Bolsonaro, o governo federal desistiu de receber a cúpula, alegando que precisaria gastar até R$ 500 milhões para a sua realização.
Enquanto a COP25 destina-se à negociação entre chefes de Estado, a Semana do Clima tem, entre suas funções, o diálogo entre prefeituras e governos estaduais de diversos países. Também é o momento em que empresas negociam tecnologias voltadas à emissão de poluentes, como aparelhos que funcionam com fontes de energia alternativa e recursos para a agricultura sustentável. A última edição latino-americana da Semana do Clima, no ano passado, em Montevidéu, no Uruguai, reuniu 630 participantes vindos de 67 países.
Segundo a prefeitura de Salvador, o evento havia sido confirmado no ano passado, ainda no governo de Michel Temer. A informação sobre o cancelamento chegou na sexta-feira (10) à noite ao secretário municipal de Sustentabilidade, André Fraga. Ele vinha fazendo a ponte entre o órgão da ONU e o governo federal e, na semana passada, recebeu um telefonema do Ministério do Meio Ambiente cancelando um encontro em que discutiriam detalhes da Semana do Clima na Bahia.
“Fui informado de que o ministro Ricardo Salles não estava confortável com a realização do evento no Brasil. Alegou o que todos desse governo alegam: que o evento só serve de plataforma para ONGs, que é inútil e que o foco do ministério é a agenda urbana, que não tem nada a ver com mudanças climáticas”, lamentou Fraga.
Ele conta que, na sexta-feira à noite, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, teria feito contato, a pedido de Salles, com Patricia Espinosa, secretária-geral da UNFCCC. Ela, então, foi informada de que o Brasil “não estava interessado em receber o evento”.
“O cancelamento não foi uma surpresa, mas a confirmação de uma postura desse governo com relação às mudanças climáticas. É importante dizer que a Semana do Clima não custaria nenhum centavo para o governo federal. Todo o custo é bancado pela ONU. A prefeitura de Salvador estava cedendo a sede e trabalhando na organização. Eu vinha fazendo duas reuniões por semana com a equipe de clima da ONU para pensar o evento”, declarou.