Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de outubro de 2019
O Palácio do Planalto “nega veementemente a existência de um chamado gabinete do ódio na estrutura institucional da Presidência da República”. O termo foi usado para descrever a atuação dos assessores em reportagens dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S.Paulo”, que também usaram a expressão “gabinete da raiva”.
Sobre as atividades desempenhadas pelos três funcionários públicos, o governo se limitou a dizer, por meio de nota, que “todos os servidores lotados nesse órgão desempenham suas funções técnicas inerentes aos cargos ocupados”. O jornal o Globo questionou quais são essas “funções técnicas”, mas não houve resposta.
Tido como uma espécie de mentor do grupo, Carlos Bolsonaro afirmou na quarta-feira, no Twitter, após o trio ser convocado pela CPI, que “quem criou o gabinete” foi seu pai e quem o apelidou de “gabinete do ódio” foi a imprensa.
“E quem ‘acreditou’ foram os ‘otários’, como esse ‘Major Otárius Olímpius’”, complementou, ao compartilhar declaração do senador e ex-aliado Major Olímpio (PSL-SP) sobre a suposta atuação dos integrantes do gabinete. Olímpio disse que “cabe crime de improbidade a quem permitiu” a existência do do gabinete.
Em setembro, no dia seguinte à publicação de reportagens sobre o grupo, Bolsonaro reclamou com jornalistas do que classificou como invenção.
— Deturpa tudo na imprensa. É impressionante… É impressionante a falta de patriotismo. Como agora a gente vê gabinete do ódio. O que é isso? Como inventam esse negócio? Pelo amor de Deus! Qual a intenção? — questionou o presidente.
Junto com o trio também foi convocado pela CPI Allan dos Santos, fundador do portal de notícias bolsonarista Terça Livre. Em outro requerimento, igualmente apresentado pelo deputado Rui Falcão (PT-SP), o chefe da Assessoria Internacional do Planalto, Filipe Martins, também foi convocado. Martins é alinhado ao grupo e próximo da família Bolsonaro.
Serviço acumulado
No ano passado, o Globo revelou que Tercio recebia salário da Câmara de Vereadores do Rio sem trabalhar de fato no Legislativo da cidade. Durante a pré-campanha, sua verdadeira ocupação era a produção de conteúdo digital, filmando e fotografando Bolsonaro em momentos de descontração e em intervalos de sua agenda como pré-candidato à Presidência da República. Na ocasião, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, negou ao GLOBO que Tercio trabalhava na pré-campanha.
Logo após a vitória de Bolsonaro, porém, Tercio passou a se apresentar como assessor de comunicação do presidente eleito, recebia demandas da imprensa, divulgava agendas e compartilhava áudios e imagens oficiais, mesmo enquanto estava lotado no gabinete de Carlos Bolsonaro. Após ser nomeado no Palácio do Planalto, Tercio continuou acompanhando Bolsonaro em algumas viagens: foram nove até agora, todas no Brasil.