Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de janeiro de 2019
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) recuou e decidiu, na noite de quinta-feira (17), suspender a nomeação do economista Murilo Resende Ferreira para assumir a coordenação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A nomeação havia sido publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite de quarta-feira (16) por meio de uma portaria assinada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Na noite de quinta, também em edição extra do Diário Oficial, Lorenzoni assinou outra portaria indicando que decidiu tornar “sem efeito” a nomeação de Ferreira, sem dizer o porquê da sua escolha. O economista ocuparia o cargo de diretor de avaliação da educação básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
Defensor das ideias do programa Escola Sem Partido e crítico do que classifica como “ideologia de gênero”, Ferreira chegou a chamar os professores brasileiros de “manipuladores” que não querem “estudar de verdade” ao participar de uma audiência pública do MPF-GO (Ministério Público Federal de Goiás) em 2016.
A indicação do nome de Ferreira para o posto gerou controvérsias. Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirmou que a nomeação do economista demonstrava compromisso com uma visão de que o Enem seria um instrumento de “doutrinação”.
Doutor em economia pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Ferreira foi aluno do curso online de filosofia de Olavo de Carvalho, figura conhecida da ala conservadora e uma das pessoas de influência no governo Bolsonaro. Seu currículo não aponta nenhuma experiência na área de educação básica. Em seu blog, o economista descreveu a si mesmo como “estudioso do marxismo e do movimento revolucionário desde 2003”.
Ferreira havia sido nomeado para o cargo responsável pela coordenação do Enem antes mesmo da nomeação do novo presidente do Inep – posto que está vago desde a última segunda-feira (14), quando Maria Inês Fini foi exonerada. A movimentação foi vista com estranheza por funcionários do Inep.
Apesar de o engenheiro Marcus Vinícius Rodrigues ser cotado para o posto, há rumores de que a demora para publicação da nomeação no Diário Oficial demonstre que a equipe de Bolsonaro esteja com dificuldades em oficializar um nome.
Militares nas escolas
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que a sua pasta apoiará prefeituras interessadas em militarizar a administração de escolas municipais, que ficariam a cargo de PMs (Polícias Militares) ou do Exército.
Vélez disse que a experiência tem sido bem-sucedida em Goiás, onde cerca de 50 escolas estaduais são administradas pela PM, que implantou uma disciplina parecida à de quartéis e uniformes militares.
“Em comunidades que pedem apoio administrativo da Polícia Militar, o corpo docente continua o mesmo, a administração acadêmica continua a mesma, e o feedback nas comunidades é positivo. As pessoas, as crianças gostam disso, se sentem confortáveis”, afirmou o ministro, durante visita a Boa Vista para conhecer abrigos para imigrantes venezuelanos.