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Brasil O governo teme que outros países suspendam as importações da carne brasileira, após o embargo ao produto pelos Estados Unidos

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Ministro da Agricultura (C) deve se reunir com autoridades dos EUA. (Foto: Carlos Silva/ Divulgação Mapa)

Sob ameaça de perder mercados importantes para a carne brasileira, nos próximos dias o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, tentará se encontrar com autoridades norte-americanas. O receio é de que a proibição à compra de carne bovina in natura (fresca) do Brasil, anunciada na quinta-feira pelo USDA (o Departamento de Agricultura norte-americano), provoque um efeito-cascata, acabando por fechar portas ao produto brasileiro em outros países.

A decisão norte-americana foi motivada pela identificação de abscessos na carne – espécie de cistos que, de acordo com o Ministério da Agricultura, são resultado de reações a componentes da vacina contra a febre aftosa. O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, determinou diretamente a suspensão da compra do produto, até que o Brasil adote medidas consideradas satisfatórias.

O embargo temporário dos Estados Unidos foi mais um entrave num mercado que ficou extremamente fragilizado pelas consequências da Operação Carne Fraca, deflagrada em março pela Polícia Federal. A preocupação aumenta pelo fato de o parceiro comercial servirem de parâmetro internacional. “Comemoramos muito, quando saiu, a equivalência sanitária com os Estados Unidos, que é uma referência. Com a decisão do embargo, outros mercados ficam em alerta”, relatou secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki.

Os exportadores brasileiros conseguiram permissão para vender aos EUA em junho de 2015. O primeiro embarque, no entanto, ocorreu apenas em setembro do ano passado. O volume de exportação ainda não é relevante – representa apenas 5% da carne in natura que o Brasil vende para o exterior. Mas o mercado americano, por ser um dos mais exigentes, serve de referência para que outros países, como o Japão e a Coreia, por exemplo, decidam comprar a carne brasileira.

Para o governo, o interesse dos produtores americanos em barrar a carne brasileira também contribuiu para o bloqueio. “Depois da Carne Fraca, vários países decidiram fiscalizar 100% da carne brasileira”, disse ontem Maggi, ao comentar a suspensão, citando países como EUA, Hong Kong e China. Na semana passada, os EUA identificaram 11% de “inconformidades” na carne in natura brasileira. Em reação, o Ministério da Agricultura determinou a interdição de cinco das 15 plantas autorizadas a exportar carne in natura aos EUA – neste caso, os cinco maiores frigoríficos.

Novacki concordou que o porcentual de inconformidade é expressivo. Uma das alternativas para resolver o problema, disse, seria o embarque de carne em cortes para os EUA. Com isso, são retirados os abscessos. “Alguns países recebem o corte inteiro, como os EUA, mas eles nunca reclamaram” disse.

Questões

De acordo com o professor Enrico Ortolani, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP (Universidade de São Paulo), a vacina contra a febre aftosa pode provocar no animal duas reações.

“Se for um problema de higiene na vacinação, em que não se passou desinfetante, por exemplo, o resultado pode ser um abscesso: a área fica quente e com pus. Mas, em grande parte dos casos, o que ocorre é uma reação alérgica retardada, com a formação de nódulo endurecido dias depois. Alguns animais são mais alérgicos que outros e têm uma resposta residual à vacinação”, explicou.

No que se refere à suspensão das exportações para os Estados Unidos, ele alerta que o muito se tem falado em abscessos como motivação, argumento que estaria equivocado. “Na verdade, trata-se apenas de uma reação alérgica que resulta na formação de nódulos”, ressalta. “Não há qualquer risco sanitário, definitivamente.”

Ainda segundo Ortolani, não há risco de ingestão de carnes com esses nódulos: “Os nódulos são visíveis, é gritante. Quando essa carne chega no frigorífico, o funcionário vê e tira o nódulo com um pouco de carne junto. O restante do animal está normal, não tem nada demais. Então, é difícil de entender o que está acontecendo. Pode ter havido um problema de abscesso interno que o inspetor brasileiro não conseguiu ver, mas isso não explica os 11% dos produtos rejeitados na reinspeção norte-americana”.

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Os abscessos, formações purulentas ou fibrosas encontradas em carnes brasileiras, motivaram o fechamento do mercado dos Estados Unidos para o produto brasileiro
Para 81% dos brasileiros, os irmãos Batista deveriam ter sido presos pelos crimes que confessaram. 64% acham que o Ministério Público agiu mal ao fazer acordo com o Grupo JBS/Friboi
https://www.osul.com.br/o-governo-teme-que-outros-paises-suspendam-importacoes-da-carne-brasileira-apos-o-embargo-ao-produto-pelos-estados-unidos/ O governo teme que outros países suspendam as importações da carne brasileira, após o embargo ao produto pelos Estados Unidos 2017-06-24
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