Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2021
O governo entrou em campo para tentar derrubar a CPI da Covid-19 antes que ela seja criada e instalada. Senadores aliados ao Palácio do Planalto têm tentado convencer quem aderiu ao pedido a retirar a assinatura. A comissão de inquérito quer investigar as ações e omissões do Executivo federal no combate à pandemia.
A promessa dos governistas é de que o Senado pode dar prioridade para projetos que tratem do tema, principalmente os que possam viabilizar a compra de vacinas, como a Medida Provisória (MP) que foi aprovada na quinta-feira (4), e que facilita a compra da vacina russa, a Sputnik V.
Alegam que, assim, o Congresso não tumultuaria o enfrentamento à pandemia com uma investigação que vai atingir as principais autoridades que lidam com a questão, principalmente o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
A avaliação dos que defendem a CPI, no entanto, é de que o governo federal foi totalmente ineficiente no enfrentamento à covid-19 e não é mais possível esperar promessas. Ela foi articulada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que denuncia uma atuação “sistemática” do governo, violando os direitos fundamentais básicos à vida e à saúde da população brasileira, além de responsabilização pelo colapso de saúde no Amazonas.
De acordo com Randolfe, nenhuma das 30 assinaturas havia sido retirada. São necessárias pelo menos 27 adesões para que um pedido de criação de CPI seja protocolado.
O pedido de CPI é o primeiro grande desafio de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à frente do Senado. Ele foi eleito com apoio do Palácio do Planalto e agora está em uma sinuca de bico: ou assume, perante a sociedade, a responsabilidade de enterrar a comissão ou bate de frente com o governo federal.
Com mais de 20 anos de vida parlamentar, o senador José Serra (PSDB-SP) assinou, pela primeira vez, um pedido de criação de CPI. Interlocutores, porém, afirmam que ele não pretende retirar seu apoio.
Conduta do presidente
O procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual informou ter aberto outras oito apurações preliminares para analisar a conduta do presidente Jair Bolsonaro na pandemia do novo coronavírus.
Nesta quinta (4), foi aberta uma apuração sobre a conduta de Bolsonaro em relação à crise no Amazonas.. O documento de Aras foi assinado na quarta (3).
O presidente não é formalmente investigado. A PGR (Procuradoria-Geral da República) abre as apurações preliminares para avaliar os elementos apresentados em ações.