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Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2019
Na tarde dessa terça-feira, Adélio Bispo de Oliveira – o homem que desferiu uma facada em Jair Bolsonaro (PSL) durante um comício da campanha presidencial – passou por dois exames complementares no presídio de Campo Grande (MS).
Após uma avaliação realizada no dia 3 de dezembro, foi constatada a necessidade de um eletroencefalograma, além do chamado “Teste Psicológico Rorschach”. A solicitação foi então autorizada pela Justiça.
De acordo com a 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG), cidade onde ocorreu o ataque, o perito tem o prazo de dez dias (prorrogáveis em casos excepcionais) para apresentar o laudo pericial detalhado. O resultado apontará um dos três caminhos possíveis: sanidade, insanidade total ou insanidade parcial.
O advogado Zanone Manuel Junior, responsável pela defesa de Adélio Bisco, informou não ter acompanhado o exame realizado na penitenciária. Ele vai aguardar o resultado para posterior análise.
Temos uma psicóloga de São Paulo que será a nossa perita auxiliar”, ressaltou. “Ela disse que o teste é muito subjetivo e o profissional precisa de tranquilidade para analisar as respostas do paciente. Por isso, fará uma análise a partir do resultado do exame.”
Em outubro do ano passado, o juiz Bruno Savino, da Justiça Federal em Juiz de Fora, mandou abrir o chamado “incidente de insanidade”, realizado por peritos e cujo objetivo é avaliar a sanidade do agressor. Com isso, o processo sobre Adélio na Justiça ficou suspenso por 45 dias. O acusado já foi submetido a um exame, a pedido da defesa, que apontou transtorno grave.
Na prática, a estratégia da defesa de Adélio Bispo é retirá-lo das penas previstas na Lei de Segurança Nacional, na qual ele foi indiciado pela Polícia Federal, e tratar o caso como insanidade. Nesta hipótese, a pena não é cumprida na prisão e a punição é diferenciada.
Relembre
Na tarde de 6 de setembro, Jair Bolsonaro participava de um ato de campanha em Juiz de Fora e levou uma facada na região abdominal quando era carregado nos ombros por simpatizantes. O então presidenciável passou por uma cirurgia na Santa Casa local e no dia seguinte foi transferido para o hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Ao todo, Bolsonaro ficou internado por 23 dias. Durante este período, o então candidato postou vídeos e mensagens nas redes sociais para falar sobre o estado de saúde e sobre o cenário político. Desde então, carrega presa ao corpo uma bolsa de colostomia, que deve ser retirada em cirurgia no final do mês). Ele se elegeu presidente da República ao superar Fernando Haddad (PT) no segundo turno e tomou posse no dia 1º de janeiro.
Logo após cometer o atentado, o agressor foi imobilizado por pessoas que estavam no local e detido pela Polícia Federal. De lá, foi conduzido para o Ceresp (Centro de Remanejamento Prisional) da cidade mineira e depois para o presídio de Campo Grande.
A defesa de Oliveira pediu que fosse realizado um exame de sanidade, o que foi negado pela 3ª Vara Federal de Juiz de Fora. Um exame particular apontou “transtorno delirante grave”. Com base nesse exame, o advogado obteve autorização da Justiça Federal para a realização de um laudo médico. O processo passou a tramitar em segredo de justiça e que, portanto, não poderia fornecer nenhuma informação sobre o assunto.
No dia 28 de setembro, a Polícia Federal concluiu a investigação do ataque e indiciou Oliveira por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. O inquérito afirma que ele agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação “foi indubitavelmente política”.