Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2019
O Instagram passou a testar uma nova funcionalidade nesta quarta (17), que esconde o número de curtidas de cada foto na rede social. Somente o proprietário da conta é que poderá ver as estatísticas. A iniciativa, segundo a empresa, é uma estratégia de combate ao bullying e à competitividade gerada pelas métricas na rede social.
“Iniciamos esse teste porque queremos que os seguidores se concentrem mais nas fotos e vídeos que são compartilhados do que na quantidade de curtidas que recebem. Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram”, afirma o grupo em comunicado.
A medida vem na esteira de uma discussão global sobre vício em redes sociais e smartphones, que tem pressionado desenvolvedores a apresentarem soluções ao problema. O Instagram já havia testado a função em maio deste ano, no Canadá.
Pelo Twitter, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, considerado mentor das redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PSL), seu pai, criticou a medida e disse que a empresa tem o intuito de “barrar o crescimento dos que pensam de forma independente”.
Carlos ainda afirmou que o Instagram, ao usar o combate ao bullying como justificativa para a medida, segue a “cartilha ideológica progressista” e tenta manipular informação.
A assessoria da rede reforçou as informações do comunicado e não quis comentar diretamente as declarações.
Segundo o Instagram, a ideia é que o conteúdo oferecido na plataforma seja o destaque — não as curtidas que ele recebeu. Afinal, o app é acusado de deteriorar a saúde mental dos usuários, já que, lá, eles encontram imagens de um estilo de vida perfeito que muitas vezes não podem alcançar.
Em 2017, inclusive, um estudo da agência de saúde pública do Reino Unido o considerou a pior rede social para a saúde mental e o bem-estar.
A companhia destaca que o objetivo da mudança é diminuir a competitividade (muitos buscam o sucesso na plataforma e a encaram como um concurso de popularidade) e combater o bullying. Com a eliminação dessa métrica, então, espera-se que os visitantes se concentrem mais nas fotos e nos vídeos compartilhados do que na popularidade das publicações.
E o que isso pode representar na prática? Que os influenciadores terão mais dificuldade para vender espaço publicitário com base apenas em número de seguidores e suposto envolvimento entre eles e a página. Afinal, eles dependem de popularidade para participar de campanhas — sem que possam provar sua influência online, não vão mais chamar a atenção de marcas e potenciais parceiros e terão de recorrer a outras técnicas.
Um dos cenários é que o número de seguidores passe a ser a métrica mais importante. Nesse caso, perfis que compram seguidores podem acabar nivelados aos que conquistaram a audiência de forma orgânica. Até agora, o que os separava era o engajamento (muitas vezes em forma de curtidas) e, sem a possibilidade de vê-lo, todos parecerão iguais à primeira vista.
O número, entretanto, deve continuar a ser considerado pelo algoritmo do Instagram para determinar quais publicações aparecem para os seguidores. Mesmo assim, vai ser cada vez mais fundamental produzir conteúdo original e que realmente tenha apelo para a comunidade a que se destina. O Instagram estuda formas de permitir que o usuário demonstre o valor de seu material para marcas que queiram patrociná-lo.
Também nesta quarta-feira (17) o Twitter anunciou a liberação de um recurso que permite ao usuário esconder respostas em uma postagem. A função está em fase de testes, somente no Canadá.
A medida, segundo a empresa, visa melhorar a qualidade das discussões na rede. Apesar de não aparecerem no tuíte, um botão permite saber quais foram as respostas ocultadas pelo administrador da conta.
Os usuários se dividiram nas reações ao anúncio. Alguns acreditam que isso pode facilitar para governos e empresas esconderem reações negativas, enquanto outros apoiam o argumento do Twitter para a medida.