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Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2020
As autoridades japonesas pediram à Organização Internacional de Polícia Criminal (ICPO) um alerta de busca da Interpol para a mulher do ex-chefe da Nissan Carlos Ghosn, informou a mídia local neste sábado (11).
Se o alerta for emitido para a esposa de Ghosn, Carole, as chances de viagem do casal para fora do Líbano podem ficar restritas, disse o jornal Mainichi. A Interpol já emitiu um mandado de prisão para Ghosn.
O pedido do Japão foi feito na última semana, de acordo com o Mainichi e outros veículos de mídia japoneses, citando fontes não identificadas.
Autoridades do Ministério da Justiça do Japão não estavam imediatamente disponíveis para comentar.
Os promotores japoneses emitiram na terça-feira (7) um mandado de prisão contra a mulher de Ghosn por suposto perjúrio, conforme as autoridades intensificam os esforços para levar o ex-executivo da indústria automobilística, que nasceu no Brasil, de volta a julgamento por acusações de má conduta financeira.
Ghosn, ex-presidente da Nissan e Renault, fugiu do Japão para o Líbano, onde ele passou a infância, no mês passado, enquanto aguardava julgamento por acusações de ocultação de ganhos, quebra de confiança e apropriação indébita de recursos da empresa, o que ele nega.
Sua fuga dramática aumentou as tensões entre o Japão e o Líbano, onde Ghosn concedeu entrevista coletiva de duas horas na quarta-feira, levando a ministra da Justiça japonesa a lançar uma resposta pública rara e contundente.
O Líbano, que não tem acordo de extradição com o Japão, pode suspender a proibição de viagens a Carlos Ghosn se os arquivos referentes ao seu caso não chegarem do Japão dentro de 40 dias, afirmou o ministro da Justiça, Albert Serhan, em comunicado na sexta-feira (10).
Relembre o caso
Natural de Porto Velho (RO), Carlos Ghosn tem 65 anos e é filho de mãe francesa e pai libanês. Iniciou sua carreira trabalhando para a Michelin, na França. Em 1996, ingressou na Renault. Após a montadora francesa adquirir participação na Nissan, ele se juntou à companhia japonesa, da qual foi presidente entre 2001 e 2017.
Em 1999, ganhou fama internacional ao reestruturar a Nissan e salvar a companhia, então com dívidas de U$ 35 bilhões devido em boa parte ao inchaço e a cultura de trabalho adotada pela montadora.
O brasileiro foi o principal articulador da junção Renault-Nissan-Mitsubishi, que se tornou a quarta maior indústria do setor automotivo mundial.
Ghosn foi preso sob a acusação de ter informado ao Fisco japonês rendimentos menores do que os efetivamente recebidos. Ele é acusado ainda de usar bens da Nissan para benefício próprio, provocar prejuízo em transação financeira e transferir dívida pessoal para a montadora.
Após sua prisão, Nissan e Mitsubishi afastaram Ghosn da presidência de seus respectivos conselhos de Administração. A Renault, inicialmente, não destituiu o executivo de seus cargos, nomeando interinos para substituí-lo.
Na montadora francesa, ele era o presidente-executivo, que toca o dia a dia da empresa, e o presidente do Conselho, que cuida das questões estratégicas.
Em janeiro de 2019, o executivo brasileiro renunciou às funções que tinha na Renault.