Sábado, 13 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2019
O jornalista e editor do site Intercept Brasil disse que o site não vai entregar o material recebido de uma fonte anônima à polícia ou à Justiça. Para Glenn Greenwald, entregar a fonte ao Estado só aconteceria em países autoritários e não em Democracias. “O que nós fizemos, como profissionais, nós verificamos com muita cautela que o material é totalmente autêntico”, acrescentou.
Glenn Greenwald participou de audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado Federal para falar dos vazamentos de conversas de procuradores da Força-Tarefa da Lava-Jato com o ex-juiz Sérgio Moro. As conversas privadas revelam que, segundo Greenwald, Moro e procuradores, principalmente Deltan Dallagnol, combinando estratégias de investigação e de comunicação com a imprensa no âmbito da Operação Lava-Jato.
O jornalista classificou como atentado à liberdade de imprensa as notícias de que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, estaria, por meio da PF (Polícia Federal), investigando a sua vida e de outros profissionais do site. Greenwald disse que não tem medo e que continuará publicando novos vazamentos.
“Há notícias de que ele está investigando e ele nunca negou. Isso mostra a mentalidade do ministro. Ele quer que fiquemos com medo e apreensão. Não temos medo nenhum. Continuamos publicando depois disso. Vamos continuar publicando”, disse.
Greenwald foi convidado pela CCJ, a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para falar sobre os vazamentos de conversas entre o ex-juiz e atual ministro Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, e outros procuradores, pelo aplicativo Telegram.
O jornalista contou que recebeu as informações de uma fonte que não quer ser revelada e ressaltou que a Constituição Federal e o Código de Ética dos Jornalistas garantem o sigilo. “Eu li a Constituição brasileira que protege e garante exatamente o que estamos fazendo e confio muito nas instituições brasileiras para aplicar e proteger esses direitos. O clima que o ministro está tentando criar é de uma ameaça à imprensa livre”, disse.
Glenn, que é também advogado formado nos Estados Unidos, disse ter ficado chocado ao ler o material pela primeira vez. “Eu tinha nas minhas mãos a evidência mostrando que o tempo todo Sérgio Moro estava não só colaborando com os procuradores, mas mandando na força-tarefa da Lava-Jato”, relatou.
Em sua exposição inicial, o jornalista também lamentou a baixa presença de senadores, em especial do partido do governo, que, segundo ele, o atacam virtualmente mas não compareceram para debater. “Eu gostaria muito de discutir frente a frente essas acusações falsas que eles estão espalhando quando não estou presente e esta é uma oportunidade para discutir essas acusações na minha cara, para examinar se elas são falsas ou verdadeiras, mas infelizmente eles não estão aqui para fazer isso”, apontou.
O jornalista reforçou ainda que não está à serviço de nenhum partido ou político: “Eu sou jornalista, não sou político. Não tenho fidelidade com qualquer partido. Publicamos artigos criticando partido de direita e de esquerda, inclusive o do meu marido (David Miranda, do Psol-RJ). Somos independentes. Estamos defendendo os princípios cruciais e fundamentais para uma democracia: a imprensa livre”, reforçou.