Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2018
O juiz federal Sérgio Moro apresentou sentença em uma ação no âmbito da Operação Lava-Jato que investigou o executivo Paulo Roberto Costa, 64 anos, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e quatro familiares dele por organização criminosa e embaraço às investigações da PF (Polícia Federal).
Em sua manifestação, o magistrado decidiu suspender a ação contra Costa, em razão do acordo de colaboração premiada, no qual há um limite de sentenças que o executivo já cumpre por outras condenações.
Sobre os demais investigados, Moro extinguiu a punição de Humberto Sampaio de Mesquita, genro do ex-diretor da estatal e que faleceu em janeiro do ano passado. O juiz também condenou outros três réus.
As filhas de Paulo Roberto Costa, Arianna Azevedo Costa Bachmann e Shanni Azevedo Costa Bachmann, e outro genro do ex-diretor da Petrobras, Márcio Lewkowicz, foram condenados pelo crime de embaraço de investigação de organização criminosa. Ou seja: tentaram obstruir investigações de ilícitos pelas autoridades.
Ao determinar a sentença sobre o grupo, Moro sublinhou que o processo entra em situação incomum pois todos os investigados se tornaram colaboradores. O juiz mencionou, por exemplo, o acordo feito por Paulo Roberto Costa e os benefícios dos depoimentos do ex-diretor para as investigações da força-tarefa da Lava-Jato.
“Não se pode olvidar que Paulo Roberto Costa, em seu acordo de colaboração com as autoridades, prestou informações relevantes sobre inúmeros crimes praticados no âmbito da Petrobras e envolvendo poderosos agentes públicos, bem como outros executivos da estatal e diversos parlamentares federais”, argumentou o magistrado, responsável pelos processos da Lava-Jato em primeira instância.
A pena de Arianna foi fixada em dois anos e quatro meses de prestação de serviços comunitários a uma entidade pública ou beneficente, a ser definida. Já a sentença de Shanni Azevedo foi fixada em um ano e oito meses, também prevendo a prestação de serviços comunitários a entidade pública ou beneficente. Já o genro de Paulo Roberto, Márcio Lewkowicz, foi condenado a dois anos e quatro meses de prestação de serviços comunitários.
Obstrução
De acordo com o conteúdo da denúncia apresentada ao MPF (Ministério Público Federal), em março de 2014 os familiares do executivo foram ao escritório da empresa Costa Global Consultoria, no Rio de Janeiro.
A presença dos familiares no local teria sido instruída pelo próprio Paulo Roberto Costa. O objetivo: chegar antes da busca pela PF, evitando que os agentes encontrassem documentos e dinheiro que pudessem incriminar o ex-diretor da Petrobras.