Quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de junho de 2017
A possibilidade de uma delação premiada do ex-deputado federal Eduardo Cunha não interessa ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato na primeira instância. De acordo com informações da coluna de Ancelmo Goes, no jornal O Globo, o juiz Sérgio Moro não quer, de jeito nenhum, que Cunha, tenha o benefício de uma colaboração “não só porque considera que ele tem pouco a acrescentar ao que já se sabe da Lava-Jato, mas porque prefere que o ex-deputado cumpra a pena atual [devem vir outras] em regime fechado até… 2032. Nesse caso, a cana dura serviria como exemplo de que, nem sempre, o crime compensa”, escreveu Goes.
Cunha está preso em Curitiba, no Paraná, desde outubro passado. Réu em três processos, ele busca reforços para tentar se livrar da cadeia ou pelo menos reduzir a pena e é acusado de receber cerca de R$ 5 milhões.
A delação ainda não foi acertada. Até porque, o novo advogado de Cunha, Délio Lins e Silva Júnior – o Delinho – nega que tenha entrado no caso para fazer a tão esperada delação do peemedebista. “Entrei como defesa. Não existe delação”, disse. Lins e Silva advogou para Diogo Ferreira, que foi chefe de gabinete do ex-senador Delcídio do Amaral e fechou acordo de delação premiada na Lava-Jato. Mesmo que o advogado tenha dito que não foi contratado para preparar a delação, pessoas próximas ao ex-deputado confirmam que essa possibilidade existe sim.
Cenário
Apesar do cenário favorável, as negociações, se prosseguirem, não serão fáceis. Advogados receberam a indicação de que Cunha terá que entregar pessoas com quem convivia no mesmo nível, e que estivessem acima dele, para que sua delação seja aceita. Embora tenha sinalizado que vai falar o que sabe, ele ainda é visto com desconfiança entre procuradores e tem fama de evitar a verdade, o que tira a confiabilidade do que se dispõe a entregar. Ele terá que oferecer muitas informações e provas para assinar o acordo.
Há sinais de que procuradores não pretenderiam, por exemplo, flexibilizar muito a pena de Cunha em regime fechado. A tendência, ao menos até o momento, é de que ele fique preso por um bom período, podendo, no entanto, obter outros benefícios judiciais.
A defesa de Cunha contatou pela primeira vez a PGR (Procuradoria-Geral da República) para avaliar o interesse em uma delação premiada em julho do ano passado, antes mesmo de ele ser cassado. A resposta de procuradores, na época, foi positiva. Mas Cunha manteve-se firme na decisão de não delatar.
Recentemente, procuradores indicaram que haviam perdido o interesse em conversar com o ex-deputado. Um aliado de Cunha sondou a disposição da Polícia Federal em fechar sozinha uma delação, e a resposta mais uma vez foi positiva – mas as conversas não seguiram adiante. Agora as atenções se voltam para as tratativas com a PGR.