Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de setembro de 2020
O maior bordel da Europa, localizado na cidade alemã de Colônia, foi forçado a declarar falência após cinco meses sem atividade devido à pandemia de coronavírus.
“De certa forma é inimaginável, mas eu tive que pedir a suspensão dos pagamentos à Justiça na terça-feira (2). Estamos acabados”, confirmou o gerente do bordel Pascha, Armin Lobscheid, em declarações ao jornal local Express nesta quinta-feira (3).
O bordel, onde trabalhavam 120 prostitutas, ficou sem fundos para pagar o prédio de dez andares e seus outros 60 funcionários, entre massagistas, pessoal de limpeza e segurança.
Lobscheid criticou as autoridades pela falta de clareza em relação a uma possível retomada do negócio – as atividades de prostituição foram proibidas na Alemanha devido à pandemia, sem previsão de volta.
“Talvez pudéssemos ter evitado a insolvência com a ajuda dos bancos, se tivessem confirmado que poderíamos retomar os negócios no início do próximo ano”, disse ele. Ele também advertiu que “todos na indústria sabem” que o negócio do sexo ainda está ativo, mas no anonimato e sem contribuir para os cofres públicos.
Segundo Lobscheid, a situação coloca em perigo as prostitutas porque, como a demanda continua, elas agora se encontram com clientes em hotéis, apartamentos e carros.
“Elas não têm mais proteção e estão expostas à falta de defesa contra cafetões e clientes, já que dificilmente podem ir à polícia se algo acontecer. Os clientes sabem disso e as obrigam, por exemplo, a fazer sexo sem preservativo.”
O que o proprietário do edifício fará está em aberto, já que o imóvel sempre abrigou um bordel. É improvável que seja autorizado para uso como hotel ou centro de recepção de refugiados, como foi sugerido, pois isso exigiria uma reforma completa.
Desde o dia 8 de agosto, o serviço de massagem é o único autorizado no momento, em Berlim. “Prefiro o serviço sexual, meus clientes também. Já tenho muitas demandas para setembro”, revelou Jana, de 49 anos, profissional do sexo há 20.
A possibilidade de os estabelecimentos voltarem a receber clientes foi um alívio para os locais, que enfrentam graves dificuldades financeiras após meses de fechamento. Este também o caso de quase 40 mil profissionais do sexo registradas na Alemanha, onde a prostituição é regulamentada por lei.
Os bordéis e todos os profissionais do setor foram fechados quando a Alemanha adotou medidas drásticas para tentar conter a propagação do coronavírus.
O gerente da rede Candy Store, Aurel Johannes Marx, afirma que registrou perdas astronômicas, que se somaram aos investimentos para cumprir as novas normas de higiene.
Os clientes devem preencher formulários de contato, mantidos em envelopes lacrados. A data e o nome da prostituta também são registrados.
Segundo ele, alguns clientes se recusam a usar máscara.
“O que? Tenho que usar máscara aqui? Sim, você tem que usar aqui, como no supermercado, posto de gasolina ou metrô”, explica Marx a várias pessoas.
Ele admite que muitos clientes ficam decepcionados quando entendem que apenas as massagens estão permitidas.
O período de confinamento teve consequências econômicas para o setor, que organizou muitas manifestações nos últimos meses na Alemanha.
“Quase todos os estabelecimentos comerciais estão abrindo na Alemanha: salões beleza, locais de massagem tântrica, estúdios de tatuagem, academias de ginástica, restaurantes, hotéis, saunas”, lembra a Federação de Serviços Sexuais BSD.
A situação levou as prostitutas que trabalham na Alemanha a exercer a profissão em países vizinhos como Suíça, Bélgica, Áustria, República Tcheca ou Holanda.
Em um momento em que a Alemanha registra um novo aumento de casos, como muitos países europeus, Jana explicou que não teme ser contaminada.
“Não tenho medo, pois quando você trabalha nesta área há 20 anos adquire certos hábitos. Você pode escolher quem vai receber”, explica. “Simplesmente estou feliz. Finalmente!”.
Mas a situação continuará perigosa para as prostitutas não registradas que trabalham nas ruas, alertam as autoridades.