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Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2019
Uruguai e México acordaram com a Caricom (Comunidade do Caribe) um mecanismo de diálogo sem precondições para facilitar uma solução negociada para a crise na Venezuela e o apresentarão em reunião do grupo de contato formado por iniciativa da União Europeia que se reunirá em Montevidéu.
O chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, e seu homólogo mexicano, Marcelo Ebrard, apresentaram à imprensa seu “Mecanismo de Montevidéu”, que prevê quatro fases e a capacitação de quatro personalidades de renome internacional caso sejam aceitas pelo governo venezuelano e a oposição.
Levantadas na véspera da reunião do Grupo de Contato Internacional marcada para esta quinta-feira em Montevidéu, a proposta acordada com representantes da Caricom — integrada por 15 países — exclui a exigência de eleições antecipadas na Venezuela como reivindicado por muitos governos e pela oposição venezuelana.
“Se pedirmos eleições nesse momento, estamos impondo condições que dificultam o diálogo, e eles (governo e oposição) devem concordar. Vamos dialogar sem condições”, disse Nin Novoa, lendo uma declaração conjunta dos dois governos a repórteres. “Propusemos o Mecanismo de Montevidéu com base em nosso interesse e disposição legítimos de ajudar o povo venezuelano e os atores envolvidos a encontrar uma solução para suas diferenças.”
As quatro etapas do “Mecanismo de Montevidéu” são: 1) um diálogo imediato, 2) negociação, 3) Compromissos concretos com prazos precisos e 4) Implementação dos compromissos assumidos.
Superadas essas instâncias, se passaria à etapa final de implementação, que implicará na “materialização dos compromissos assumidos na fase anterior, com acompanhamento internacional”.
Grupo de facilitadores
Além disso, eles propuseram um grupo de facilitadores para o caso de o governo de Maduro e a oposição concordem em sentar e discutir uma solução para a crise.
As personalidades propostas para uma negociação a ser realizada “em um ambiente de segurança” são Rebeca Grynspan, ex-vice-presidente da Costa Rica e atual secretária-geral Ibero-americana; Enrique Iglesias, ex-chanceler uruguaio e ex-funcionário do BID, além do ex-secretário de Estado mexicano de Relações Exteriores, Bernardo Sepúlveda, e de um “alto representante do Caricom”.
Na declaração conjunta das chancelarias, foi salientado também que tanto o México quanto o Uruguai “concordaram que a única maneira de resolver a situação complexa na Venezuela é o diálogo para a negociação, a partir de uma perspectiva de respeito pelo direito internacional e os direitos humanos”.
“Este foi o início das reuniões preparatórias anteriores, mas haverá muitas outras reuniões”, disse uma fonte presidencial à AFP no início da reunião de ministros das Relações Exteriores realizada na residência oficial do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, que também participou do encontro entre Ebrard e Nin Nova.
ONU em cena
O governo de Vázquez é um dos poucos latino-americanos que não reconhecem a Presidência interina autoproclamada de Juan Guaidó, ao contrário da posição de 11 dos 14 países do chamado Grupo de Lima. O México integra o grupo, mas também não apoiou o reconhecimento.
Uma parte importante da comunidade internacional liderada pelos Estados Unidos e acompanhada por vários países da União Europeia reconheceu Guaidó como presidente interino e exigiu que as eleições antecipadas sejam realizadas de forma transparente em curto prazo.
México e Uruguai esperam que as conversas do Grupo de Contato Internacional levem a um documento consensual a ser enviado à ONU (Organização das Nações Unidas).
Além da UE, que será representada em Montevidéu pelo chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, representantes de Espanha, Portugal, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Suécia participarão. No lado latino-americano, além do anfitrião Uruguai, Equador, Bolívia e Costa Rica participam.