Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2019
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) reabriu um inquérito que apura se o ex-procurador-geral de Justiça do Rio Cláudio Lopes vazou para o ex-deputado federal Eduardo Cunha dados de uma investigação que o envolvia.
Em 2009, a Polícia Civil do Rio grampeou uma série de conversas de Cunha com Ricardo Magro, dono da antiga refinaria de Manguinhos, hoje chamada de Refit. O inquérito apurava suposta sonegação fiscal de Manguinhos com apoio do então parlamentar.
Segundo relatório da Delegacia Fazendária, os contatos entre Cunha e Magro eram quase que diários. Até que, em setembro de 2019, as conversas cessaram. O ex-deputado, segundo as investigações da época, teria sido informado sobre a investigação naquele mês.
O inquérito da polícia aponta que, em 18 de setembro, o ex-procurador Cláudio Lopes solicitou vista da investigação a Daniel Faria, promotor responsável pelo caso. Os papéis chegaram ao gabinete de Lopes três dias depois, e Cunha, segundo relatório policial com base em testemunhas e movimentações de antenas telefônicas, esteve no prédio do MP-RJ na mesma data. A partir desse dia, segundo a polícia, Magro nunca mais usou o telefone interceptado.
Em 2013, o caso foi arquivado pelo ex-procurador-geral de Justiça Roberto Gurgel. Em ofício, ele não viu elementos para continuar na apuração. Falou em suspeitas de falsificação de informações no relatório policial e discordou de que houve alteração no comportamento dos investigados após os movimentos feitos por Cláudio Lopes.
Diante do arquivamento em Brasília há seis anos, por que o MP-RJ voltará ao caso? A Lava-Jato, ausente na vida pública em 2013, é a resposta. Em delação premiada homologada pela Justiça, o ex-subsecretário estadual de Saúde Cesar Romero contou que informações de uma operação foram vazadas pelo mesmo Cláudio Lopes em 2010 para seu ex-chefe, o secretário Sérgio Côrtes.
Romero contou que foi avisado por Côrtes que seria alvo de uma operação de busca e apreensão. Na época, o subsecretário era acusado de fechar contrato superfaturado com a empresa Toesa Service para manutenção de 111 ambulâncias da rede estadual. Com o alerta prévio, o subsecretário teve tempo para eliminar com um triturador documentos que o comprometiam. Logo, se Cesar Romero foi avisado de investigações sigilosas, o MP-RJ entende que deve voltar a apurar se Eduardo Cunha também não foi beneficiado da mesma forma no passado por Cláudio Lopes.