O exame foi dividido em três etapas: análise da experiência do candidato, prova didática e prova escrita. Weintraub foi o único candidato à vaga e, ainda assim, passou raspando, com média 7. Dos cinco examinadores, um o reprovou, dando nota 6, três o avaliaram com um 7, a nota mínima, e um último deu 8. No mesmo período, a Unifesp realizou outros 32 concursos.
De todos, Weintraub foi o único aprovado com nota mínima. Nos 32 concursos, a maioria dos candidatos que ficaram na segunda colocação ou em colocações ainda piores tiveram notas melhores que Weintraub.
Na banca de Weintraub, cada avaliador tinha de fazer anotações e dar notas sobre diferentes critérios distribuídos em duas páginas. Uma das etapas exigia que o candidato elaborasse e apresentasse um exemplo de aula que poderia dar caso fosse aprovado.
“Tema sem sustentação científica idônea. Não houve linearidade no discurso”, escreveu um dos integrantes; “Não tem sustentação. Não há linearidade no discurso. Falta de coesão”, escreveu outro professor; “A exposição do candidato não tem sustentação e é muito vaga. A exposição não é linear e o candidato usa conceitos sem explicá-los. Mostra conhecimento e abrangência, mas não apresenta um texto coeso e claro”, escreveu um terceiro integrante da banca.
Um dos pontos ressaltados pelos examinadores foi a diferença entre o tema que Weintraub elegeu para discorrer em sua prova didática e o conteúdo de fato apresentado.
O atual ministro da Educação escolheu um assunto, mas deu aula sobre outro. “Confuso, tema e conteúdo divergentes. Confuso, bombástico, sem sustentação. Grandes saltos sem linearidade”, anotou um professor. Sobre a prova escrita, disse: “Expôs vários conceitos coerentemente, mas esparsos e desarticulados”.
Alguns integrantes da banca não quiseram falar sobre o exame, e os que toparam exigiram que fosse de forma anônima.
Um dos integrantes disse que a área de ciências contábeis não é particularmente disputada e o concurso específico tinha um grau de exigência baixo. Além disso, o salário, de cerca de R$ 4 mil, não era atrativo. “Como era apenas para aulas da graduação, nós acreditamos que ele apresentou o suficiente”, concluiu.
Outro professor se lembra do vocabulário do ministro. “Ele era uma pessoa que, em vez de falar coisas como ‘a empresa ficou insolvente’, falava ‘ela foi pelo ralo’, coisas desse tipo. Quando eu vi a entrevista depois que ele foi indicado para o ministério, percebi que aquele era o jeito dele mesmo”, disse um professor.

