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Brasil O ministro da Educação terá nesta semana um termômetro oficial da satisfação do Congresso com a sua gestão

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Caduca no próximo domingo (16) a medida provisória 895, que criou a carteirinha de estudante digital. (Foto: Gabriel Jabur/MEC)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, terá nesta semana um termômetro oficial da satisfação do Congresso com a sua gestão. Caduca no próximo domingo (16) a medida provisória 895, que criou a carteirinha de estudante digital, medida adotada pelo governo com assumido tom de retaliação às entidades estudantis. Como parlamentares só realizam votações importantes nas terças e quartas, seria preciso nesses dois dias quase um milagre para tirar a MP (medida provisória) da estaca zero.

A MP entra na sua hora derradeira duas semanas após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reprovar a gestão do ministro. Caso perca a validade, a MP não pode ser reeditada antes de 2021. E deixam de ter amparo legal as 258 mil carteirinhas digitais emitidas até agora, segundo site do governo criado para isso.

“Isso causou um grande prejuízo aos cofres públicos, mais de 200 mil carteiras foram emitidas por um sistema criado para esse fim, além do dinheiro gasto na propaganda”, diz o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que presidiu a UNE (União Nacional dos Estudantes) nos anos 90.

Concurso

Quem procura a biografia de Abraham Weintraub no site do Ministério da Educação (MEC) descobre, já nas três primeiras linhas, logo depois do nome completo e da data de nascimento, que ele é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O que o texto sobre o ministro — que tem se destacado pelos erros crassos de português em seus posts e pelas falhas nas notas do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — não menciona é que sua entrada na universidade pode ser descrita como, no mínimo, incomum.

A revista Época teve acesso ao formulário de avaliação e às notas de Weintraub no concurso realizado em abril de 2014 para o cargo de professor de ciências contábeis da Unifesp no campus de Osasco, na Grande São Paulo, onde seu irmão e sua mulher já lecionavam.

O exame foi dividido em três etapas: análise da experiência do candidato, prova didática e prova escrita. Weintraub foi o único candidato à vaga e, ainda assim, passou raspando, com média 7. Dos cinco examinadores, um o reprovou, dando nota 6, três o avaliaram com um 7, a nota mínima, e um último deu 8. No mesmo período, a Unifesp realizou outros 32 concursos.

De todos, Weintraub foi o único aprovado com nota mínima. Nos 32 concursos, a maioria dos candidatos que ficaram na segunda colocação ou em colocações ainda piores tiveram notas melhores que Weintraub.

Na banca de Weintraub, cada avaliador tinha de fazer anotações e dar notas sobre diferentes critérios distribuídos em duas páginas. Uma das etapas exigia que o candidato elaborasse e apresentasse um exemplo de aula que poderia dar caso fosse aprovado.

“Tema sem sustentação científica idônea. Não houve linearidade no discurso”, escreveu um dos integrantes; “Não tem sustentação. Não há linearidade no discurso. Falta de coesão”, escreveu outro professor; “A exposição do candidato não tem sustentação e é muito vaga. A exposição não é linear e o candidato usa conceitos sem explicá-los. Mostra conhecimento e abrangência, mas não apresenta um texto coeso e claro”, escreveu um terceiro integrante da banca.

No quesito “objetividade e clareza”, mais críticas: “Muito vaga”, “Confuso, bombástico, sem sustentação”. Todos os cinco examinadores concordaram que Weintraub não cumpria alguns requisitos para o cargo. Não tinha, por exemplo, produção científica.

Um dos pontos ressaltados pelos examinadores foi a diferença entre o tema que Weintraub elegeu para discorrer em sua prova didática e o conteúdo de fato apresentado.

O atual ministro da Educação escolheu um assunto, mas deu aula sobre outro. “Confuso, tema e conteúdo divergentes. Confuso, bombástico, sem sustentação. Grandes saltos sem linearidade”, anotou um professor. Sobre a prova escrita, disse: “Expôs vários conceitos coerentemente, mas esparsos e desarticulados”.

Alguns integrantes da banca não quiseram falar sobre o exame, e os que toparam exigiram que fosse de forma anônima.

Um dos integrantes disse que a área de ciências contábeis não é particularmente disputada e o concurso específico tinha um grau de exigência baixo. Além disso, o salário, de cerca de R$ 4 mil, não era atrativo. “Como era apenas para aulas da graduação, nós acreditamos que ele apresentou o suficiente”, concluiu.

Outro professor se lembra do vocabulário do ministro. “Ele era uma pessoa que, em vez de falar coisas como ‘a empresa ficou insolvente’, falava ‘ela foi pelo ralo’, coisas desse tipo. Quando eu vi a entrevista depois que ele foi indicado para o ministério, percebi que aquele era o jeito dele mesmo”, disse um professor.

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