Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2018
O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência, ficou isolado na defesa do governo durante um debate em Gramado, na quinta-feira (10). O evento, que integrou a programação da 22ª Conferência Nacional da Unale (União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais), reuniu em Gramado, cinco presidenciáveis – além de Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Manuela Dávila (PCdoB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos).
Meirelles ficou ao lado de Boulos, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Os dois se cumprimentaram, mas não se falaram até o fim do debate. O emedebista escutou várias críticas ao governo. Ciro Gomes alfinetou: “A ideologia no Brasil tem passado do limite a ponto de impedir a racionalidade. Veja o Meirelles: é um bom amigo, mas parece que está em outro País.Para ele está tudo bem e tal”.
A necessidade de mudança foi tema central da fala de Ciro Gomes, para quem o Brasil precisa ser posto em uma perspectiva de mudança radical de estrutura. Para corroborar essa tese, o debatedor apresentou números e estatísticas alarmantes nas áreas de segurança pública, desemprego e informalidade da economia.
Essa mudança, entretanto, tem que obedecer, de acordo com Ciro Gomes, a determinadas premissas ideológicas, entre elas, a da solidariedade com as causas dos mais pobres. “Não é papel do mercado resolver esses problemas. É tarefa da mão do Estado promover equidade”, disse.
Ex-tucano, Álvaro Dias criticou a administração federal. “O governo arrecada demais, mas aplica mal”. Dias destacou ainda que este momento é crucial para o futuro do Brasil. Segundo ele, essas próximas eleições serão as mais importantes desde a redemocratização. “Os ventos da mudança sopraram em 2013 com a série de manifestações pelo Brasil. Precisamos refundar a República, hoje baseada na corrupção e na incompetência, e essa refundação vai acontecer quando formos todos iguais perante a lei. Ou nós mudamos, ou seremos atropelados”, afirmou.
Falando para um público formado essencialmente por deputados e servidores das Assembleias Legislativas, mas também por delegações internacionais, autoridades e estudantes, Manuela D’Ávila defendeu maior autonomia dos Estados brasileiros. “Os governos estaduais precisam de mais autonomia. A saída da crise brasileira passa pela desconcentração de recursos na União. O governo federal não pode achar que consegue resolver tudo sozinho”, disse. Manuela, que é deputada estadual, destacou que essa concentração de poder na União, além das desigualdades de renda e de gênero a motivaram a disputar essas eleições.
A crítica a judicialização no País foi destacada pelo pré-candidato Guilherme Boulos. Para ele, o poder judiciário não pode se colocar à frente do voto popular. “Vivemos uma crise ética e de representação. O sentimento de falta de alternativa é geral nas ruas do País”.
Ainda de acordo com Boulos, a crise de representação não é por acaso, pois há uma distância muito grande entre os eleitores e seus representantes. Ele defendeu que as pessoas sejam trazidas para o centro do debate e das decisões e ressaltou a necessidade de investimento público para ajudar o Brasil a sair da crise econômica. “Meu compromisso é com a revogação da PEC do teto de gastos. Temos que voltar com os investimentos para retomarmos o crescimento econômico”, disse.
Conhecido por suas ideias neoliberais, o pré-candidato Henrique Meirelles, defendeu o argumento diametralmente oposto. Para ele, que até há pouco tempo foi ministro da Fazenda, o plano básico é retomar o crescimento econômico através da austeridade fiscal. Segundo Meirelles, o Brasil precisa continuar cortando gastos até eliminar o déficit. “Na medida em que se elimina o déficit, podemos investir mais nos serviços básicos para a população”.
O ex-ministro finalizou sintetizando suas ideias básicas: assegurar o crescimento econômico com controle fiscal e da inflação e, consequentemente, melhorar a arrecadação para Estados e municípios.