Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2019
As fraturas acumuladas pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, entre integrantes dos três Poderes nos últimos dois meses não foram suficientes para corroer o apoio que ele tem em diversos setores da sociedade. Sob forte pressão desde o início da publicação de mensagens pelo The Intercept, em 9 de junho, a força do ministro foi testada em pesquisas internas de partidos. Ele não ostenta a aprovação de outrora — perdeu pontos na casa das dezenas —, mas “mesmo fraco é forte, maior do que Jair Bolsonaro”.
Partidos de centro e centro-direita fizeram nos últimos dias levantamentos municipais e nacionais. A popularidade de Moro foi testada na segunda categoria.
Aliados do ministro da Justiça reconhecem que ele está sob fogo cerrado, uma peça central no que chamam de “crise de confiança entre a Lava-Jato e Brasília”, mas dizem que seu trabalho na segurança pública, os índices que tem apresentado, lhe dão sustentação no cargo para além da espuma política.
Apesar de o presidente ter exibido Moro no início de sua transmissão ao vivo da última quinta-feira (8), são vastos os relatos da crescente desconfiança entre Bolsonaro e seu auxiliar.
No Planalto, prolifera a versão de que o ministro, para se eximir da posição de subscritor de propostas polêmicas, municia a imprensa com informações que o distanciem de casos como o dos decretos que facilitaram porte e posse de armas.
O desconforto entre Bolsonaro e Moro é tema de conversas no Congresso e no Supremo. Em ambos os Poderes, os relatos indicam que o presidente não vê o auxiliar como alguém disposto a segurar rojões que não sejam do próprio interesse.
Ao dizer que Moro precisava dar uma “segurada” na tramitação de seu pacote anticrime, Bolsonaro desagradou parte da bancada da bala. O coordenador da Frente Parlamentar de Segurança Pública, deputado Capitão Augusto (PL-SP), diz que faltou diálogo com o grupo para avisar que a causa deixaria de ser prioridade.
Para Augusto, é compreensível que o governo queira direcionar sua força para a reforma tributária, mas ele afirma que o pacote de Moro precisa apenas de maioria simples para ser aprovado e poderia ser tratado em paralelo.
Piada
O presidente Jair Bolsonaro surpreendeu na quinta (8) o ministro da Justiça, Sérgio Moro, com uma piada sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante a visita de um grupo de estudantes gaúchos ao Palácio do Planalto, integrantes do Arte Nativa de Lagoa Vermelha, o presidente recebeu uma camiseta para autografar.
Ele assinou o tecido da roupa e passou para o ministro, que também deu seu autógrafo. Ao pegá-lo de volta, Bolsonaro leu a assinatura de Moro e fez uma brincadeira.
No mesmo dia, o presidente causou outro constrangimento a Moro. Em live semanal, nas redes sociais, Bolsonaro perguntou ao ministro se ele faria um “troca-troca” com Ricardo Salles, do Meio Ambiente.
A piada de duplo sentido se referia ao fato de Moro dar lugar ao outro ministro para participar da transmissão online.