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Brasil O navio suspeito do derramamento de óleo no Nordeste pode ter violado uma regra global sobre poluição

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Amostra de petróleo cru é analisada em laboratório universitário. (Foto: Divulgação/Centro Universitário FEI)

O petroleiro grego Bouboulina, suspeito de derramar o óleo que causou um desastre ambiental nas praias do Nordeste, carregou 1 milhão de barris do petróleo cru tipo Merey 16 no Porto de José, na Venezuela, em 15 de julho. A embarcação passou pelo litoral da Paraíba no final do mesmo mês.

As informações sobre o navio, sua carga e trajetória foram fornecidos pela agência de geointeligência Kpler, a pedido do site de notícias G1, com base nos dados da Operação Mácula, desencadeada pela PF (Polícia Federal) nesta sexta-feira (1º).

O óleo Merey 16 é uma mistura de petróleo cru extrapesado extraído do Cinturão do Orinoco – território ao sul do rio Orinoco, na Venezuela, que cobre os maiores depósitos de petróleo do mundo – com vários diluentes.

Segundo geólogos, engenheiros e químicos ouvidos pelo G1, o óleo do tipo extrapesado é o mais prejudicial ao meio ambiente.

“Ele tem mais frações tóxicas do que um óleo leve, cujos componentes seriam vaporizados mais facilmente. Enquanto ele está no mar, você ainda pode retirá-lo com uma separação do tipo líquido-líquido. Mas, depois que ele entra em contato com a areia, a remoção torna-se muito mais difícil”, diz Ronaldo Gonçalves, professor de engenharia química no Centro Universitário FEI e especialista em análise de petróleo.

Além disso, trata-se de um material de difícil detecção por imagens de satélite. Por ser extrapesado, esse óleo é mais denso que a água salgada e fica parcialmente submerso, o que dificulta sua identificação até chegar próximo à costa, onde forma manchas escuras e assume características similares ao piche.

Produção venezuelana

O óleo Merey 16 é o mais produzido pela Venezuela e corresponde a uma parcela cada vez maior da produção da companhia estatal de petróleo do país, a PDVSA.

Estima-se que, em junho de 2019, esta categoria representou 822 mil barris por dia da produção total da PDVSA, que foi de 900 mil barris por dia naquele mês. No início do ano a produção de Merey era de cerca de 500 mil barris por dia, segundo a agência de notícias Reuters.

Diante das sanções dos Estados Unidos, a estatal passou a produzir cada vez mais óleo Merey. Isso porque os óleos sintéticos priorizados anteriormente eram destinados majoritariamente aos Estados Unidos, que agora não compram mais óleo da Venezuela. Por isso, diversas instalações da PDVSA foram adaptadas para a produção de óleo Merey nos últimos meses.

Petróleo bruto

O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos e impurezas como enxofre e metais pesados. Ele é gerado ao longo do tempo a partir da decomposição de algas e plânctons em rochas sedimentares submetidas a altas temperaturas em grandes profundidades.

O petróleo cru, substância que foi encontrada nas praias do Nordeste, é o óleo bruto, produzido diretamente no reservatório geológico e posteriormente escoado para uma refinaria. Ele precisa ser processado para dar origem a subprodutos comerciais como gasolina, querosene, óleo diesel e lubrificantes.

O petróleo cru que apareceu na costa brasileira é denso e pesado, o que faz com que ele se comporte de maneira diferente da que ocorre na maioria dos vazamentos, segundo os pesquisadores.

“Grande parte dos vazamentos de petróleo em mar são de óleo leve, que formam uma fina camada translúcida e iridescente que se espalha na superfície dos oceanos, uma vez que este tipo de óleo é menos denso que a água”, explica Clarissa Lovato Melo, geóloga e coordenadora de pesquisa do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUC-RS.

“Entretanto, óleos extra-pesados formam plumas de contaminação mais densas que a água e que, portanto, submergem logo após o vazamento, não sendo aparentes superficialmente.”

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https://www.osul.com.br/o-navio-suspeito-do-derramamento-de-oleo-no-nordeste-pode-ter-violado-uma-regra-global-sobre-poluicao/ O navio suspeito do derramamento de óleo no Nordeste pode ter violado uma regra global sobre poluição 2019-11-01
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