Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2017
Escolhido no fim de semana pelo presidente Michel Temer para comandar o Ministério das Cidades, o deputado federal Alexandre Baldy (Podemos-GO) é apontado por relatório de uma CPI como tendo participado de um esquema comandado em Goiás pelo contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Com base em gravações telefônicas da Polícia Federal feitas na Operação Monte Carlo, Baldy é protagonista de um capítulo do relatório final da CPI que em 2012 investigou o caso, sendo classificado como colaborador “da organização criminosa”. O texto é assinado pelo petista Odair Cunha (MG), que relatou os trabalhos da comissão durante oito meses.
No final, um acordão entre legendas atingidas acabou levando à rejeição do parecer no plenário da comissão e à aprovação de um relatório de duas páginas que não sugeriu o indiciamento de ninguém. “As investigações levadas a efeito pela Polícia Federal, e aprofundadas por essa CPI revelam que Alexandre Baldy, conquanto não tenha agido com a mesma desenvoltura com que atuaram outros secretários do Estado de Goiás em prol dos interesses da organização criminosa chefiada por Carlos Cachoeira, prestou relevantes serviços à quadrilha”, diz o relatório final de Odair.
Entre 2011 e 2013, o hoje deputado foi secretário de Indústria e Comércio do governo de Goiás, comandado pelo tucano Marconi Perillo. Temer informou a correligionários ter decido colocar o deputado no lugar do tucano Bruno Araújo, que pediu demissão. Baldy irá trocar o Podemos pelo PP, a maior sigla do Centrão. Deputado federal de primeiro mandato, ele é hoje um dos principais aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A CPI do Cachoeira, como ficou conhecida, trabalhou em meio ao escândalo que resultou na cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O capítulo dedicado a Baldy é recheado de grampos de conversas de Cachoeira com aliados, cujo teor sugere proximidade dos dois – Cachoeira se referia a Baldy como “menino de ouro”, diz o texto.
Uma dessas interceptações é de uma conversa direta entre Baldy e Cachoeira, em agosto de 2011. “Cadê você, doutor?”, pergunta em tom informal Baldy. Os dois marcam então um encontro para o dia seguinte. Cachoeira afirma que irá tratar de um assunto com o secretário. Baldy concorda e diz: “E eu preciso falar um negócio com você pra você dar uma aliviada.”
O relatório de Odair afirma que embora houvesse suspeita de que Baldy recebesse recursos periódicos de Cachoeira, a investigação da comissão não conseguiu provas disso, sugerindo ao Ministério Público continuar a apuração. Como o relatório final de Odair não foi aprovado, nenhuma recomendação foi enviada às autoridades.
Baldy também foi citado na delação premiada do doleiro Lúcio Funaro. Ele afirma que o deputado participou de negociações para favorecer a Hypermarcas no Congresso. Baldy é casado com uma ex-integrante do bloco de controle da empresa. Procurado no domingo (19), o deputado não quis se manifestar.