Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2019
Até aparecerem nas urnas eletrônicas nas eleições municipais do ano que vem, os interessados em se candidatar pelo Partido Novo terão um longo caminho a percorrer. O processo seletivo da sigla, também realizado antes dos pleitos de 2016 e 2018, ganhou contornos ainda mais empresariais e terá três etapas promovidas e orientadas pela Exec, consultoria especializada na área de recursos humanos.
Por enquanto, 38 cidades foram contempladas em editais lançados pela legenda em busca de postulantes. A inscrição é gratuita, mas quem avança na seletiva precisa pagar uma taxa que varia entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.
O valor mais alto é cobrado nas oito capitais onde a Exec lidera o trabalho: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Recife. Nas outras localidades, onde o valor cai pela metade, voluntários do Novo são os responsáveis pela seleção após receberem orientação da consultoria. O mesmo acontecerá nas escolhas para o Legislativo, com taxas menores.
“É uma evolução em relação aos dois processos anteriores. A seleção ficou mais profissional. Estamos avaliando se as pessoas estão aptas a concorrer para que o partido tome a decisão final”, explica João Amoêdo, fundador do Novo.
A possibilidade de a escolha se tornar excludente diante dos valores cobrados é afastada por Amoêdo. Ele acredita que pessoas com talento para a administração pública dispõem das quantias e, caso contrário, estão aptas a arrecadá-la.
“É difícil imaginar que alguém com competência para ser prefeito de uma grande cidade não tenha R$ 4 mil. Espera-se experiência de vida e gestão de si próprio. Tivemos candidatos a vereador que arrecadaram a taxa, porque eram importantes para um grupo”, justifica Amoêdo, acrescentando que o dinheiro recolhido paga custos da seleção, uma vez que a sigla não utiliza recursos públicos.
Headhunters
Conhecida no mundo executivo, a expressão headhunter faz alusão a uma busca por talentos qualificados para o alto escalão de grandes empresas. Trata-se da principal aposta da “peneira” do Novo, feita majoritariamente on-line.
Inicialmente, os candidatos fazem uma prova com questões sobre prefeituras e Direito Constitucional. Em seguida, há uma análise de “desenvoltura política” e, depois, entrevistas que podem durar mais de três horas. A filiação ocorre ao fim do processo.
“Avaliamos a aderência do candidato aos valores do partido. Para isso, dispomos de uma ferramenta de altíssimo nível que identifica o “fit cultural” deles”, diz Carlos Eduardo Altona, sócio-fundador da Exec, citando outra noção comum ao glossário empresarial.
“Fit cultural” pode ser traduzido como a maneira como alguém se alinha a um conjunto de ideias e valores.
O filtro, que envolve inclusive a observação das atividades dos candidatos nas redes sociais, é aplicado até mesmo nos casos dos que já se candidataram pelo Novo.
O piloto de avião e produtor rural Diogo Da Luz foi escolhido pela sigla para investidas aos cargos de vereador e senador por São Paulo. Faltou, no entanto, a preferência das urnas. Agora, ele se prepara para tentar conquistar a prefeitura da capital. Antes, está sob escrutínio do Novo pela terceira vez.
“No Novo, as ideias vêm acima das pessoas. Isso me motiva a fazer política. Confio nessa seriedade”, diz Da Luz.
Na mesma disputa está o empresário Emerson Kapaz, de 64anos, que carrega no currículo um mandato como deputado federal pelo PSDB (de 1999 a 2003) e uma passagem pela secretaria de Ciência e Tecnologia do governo Mário Covas.
“Não há mais espaço para o amadorismo nessa escolha. É preciso gestão, não só popularidade”, defende o estreante no processo.