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Mundo O preço de atravessar a fronteira dos Estados Unidos

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Travessias na fronteira sul dos EUA saltaram em março para o nível mais alto em 15 anos. (Foto: Reprodução)

Pouco antes do nascer do sol de um domingo de agosto do ano passado, um motorista em um carro SUV apanhou Christopher Cruz em um cativeiro de Matamoros, cidade fronteiriça perto do Golfo do México. O jovem de 22 anos de El Salvador ficou feliz em sair de lá.

O motorista depositou Cruz em um ponto de travessia ilegal da fronteira, à margem do Rio Grande. Um contrabandista tirou uma foto para confirmar a identidade dele e a enviou por WhatsApp para um motorista do outro lado da fronteira.

A viagem de 3 mil quilômetros já tinha custado à família de Cruz mais de US$ 6 mil, trazendo-o para perto de Brownsville, Texas, nos EUA. Os 800 quilômetros restantes até Houston custariam outros US$ 6.500, segundo O Estado de S.Paulo.

O trecho da fronteira situado no sudoeste se tornou o epicentro da batalha em andamento envolvendo a repressão do governo Trump aos imigrantes. Uma clara consequência do policiamento reforçado da fronteira americana é o fato de as famílias, desesperadas, recorrerem a operações de contrabando cada vez mais sofisticadas para trazer seus parentes aos Estados Unidos.

Dez anos atrás, os mexicanos e centro-americanos pagavam de US$ 1.000 a US$ 3 mil pela entrada clandestina nos EUA. Agora, este pagamento pode chega a US$ 9.200, de acordo com relatório do Departamento de Segurança Interna publicado no ano passado.

Naquele dia de meados do ano passado, no Rio Grande, os contrabandistas reuniram os imigrantes na margem da água. Cruz tirou a calça jeans e a camiseta e nadou até o outro lado.

Depois de atravessar o rio, a pequena multidão de imigrantes começou a correr na direção da cerca de aço de cinco metros de altura que tenta impedir a entrada nos EUA. Cruz já tinha escalado metade da cerca quando ouviu um helicóptero se aproximando, bem como carros de patrulha. Agentes agarraram aqueles que já estavam na cerca e começaram a prendê-los.

Contrabando

Cruz cresceu em San Miguel. A violência entre gangues é um problema endêmico no país. Sua mãe vivia nos EUA, mas ele era muito mais próximo do irmão dela que morava lá, um tio que ele tratava como uma figura paterna e chamava de “Papi”.

O tio de Cruz usou o WhatsApp para entrar em contato com uma mulher no México que representava uma rede de contrabandistas, e ela se tornou seu ponto de contato durante a jornada de Cruz.

A tia e o tio de Cruz ganharam o bastante para emprestar a ele o dinheiro necessário para a jornada, mas Cruz teria de devolver a soma ao casal. Eles transferiram US$ 800 para El Salvador. “Assim que tiver a oportunidade de se conectar, envie-me uma mensagem com sua localização”, escreveu o tio. “Ative o recurso Buscar iPhone para que você possa saber onde estou por meio do iCloud”, respondeu Cruz. “Assim, você saberá o caminho que estou fazendo”.

Cruz entrou legalmente na Guatemala a bordo de uma caminhonete pilotada por um contrabandista em La Hachadura usando seu documento nacional de identificação.

O motorista o levou num ônibus até a capital, Cidade da Guatemala. Eles trocaram de ônibus e viajaram até Huehuetenango, que serve como ponto de travessia perto da fronteira mexicana. Eles passaram a noite num hotel barato e viajaram no dia seguinte até a fronteira com o México.

Para evitar o posto de controle policial, o contrabandista orientou Cruz a seguir por uma área industrial, onde caminhou sozinho por uma estrada de cascalho até entrar no México. Pela primeira vez, ele se tornou um imigrante ilegal.

Cruz embarcou num miniônibus para começar a viagem atravessando o estado de Chiapas, no sul do país. Seguindo as orientações do motorista, ele se agachava e se cobria com as mochilas e pertences dos outros passageiros quando o veículo se aproximava dos pedágios. Passados apenas dois dias desde o início da jornada de Cruz, sua família teve de transferir aos contrabandistas US$ 1.900 para que o transportassem pelo sul do México.

Depois de várias noites em Chiapas, Cruz subiu na cabine de um trator e viajou ao longo do rio. Policiais pararam o trator para uma verificação de rotina e, depois de verem o documento salvadorenho de Cruz, perceberam que ele estava no México ilegalmente. Exigiram dinheiro, caso contrário, eles o deportariam, disse Cruz. Ele sacou US$ 170 que trazia escondidos nos sapatos.

Nas paradas subsequentes, o suborno para a polícia era sempre o mesmo: 1.500 pesos mexicanos, o equivalente a cerca de US$ 84. Na quarta vez em que foi parado para o pagamento de suborno, o policial simplesmente disse: “Você já sabe quanto custa”.

Foi assim que Cruz chegou até Puebla, a sudeste da Cidade do México. Sua família transferiu US$ 450 aos contrabandistas. Depois de uma semana na cidade, Cruz se escondeu dentro da cabine de um trator para a viagem noturna até Monterrey.

Ele ficou ali por quatro dias. Seu tio enviou mais US$ 2.800, e os contrabandistas o levaram até Tamaulipas, que faz fronteira com o sul do Texas.

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https://www.osul.com.br/o-preco-de-atravessar-a-fronteira-dos-estados-unidos/ O preço de atravessar a fronteira dos Estados Unidos 2018-07-22
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