Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2018
Um dos principais concorrentes ao espólio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, barrado de concorrer à Presidência pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o candidato do PDT, Ciro Gomes, afirmou que o líder petista “perdeu um pouco da visão genial da realidade” por estar “isolado na prisão”. Ciro também disse que Lula está “cercado de puxa-sacos” e questionou a candidatura do substituto, Fernando Haddad.
Na visão de Ciro, “o Brasil não aguenta outra Dilma [Rousseff] nesse sentido de um pessoa assumir porque é indicada pelo Lula”. Ele sugeriu, no caso, que Haddad seria “outro presidente por procuração”.
“O Lula a gente tem que relativizar, porque ele está isolado”, prosseguiu. “E, agora, o Lula está com um problema, porque morreram o Márcio Thomaz Bastos (ex-ministro da Justiça), o Luiz Gushiken (ex-ministro da Comunicação Social), está sem José Dirceu, perdeu dona Marisa Letícia. Hoje o Lula está cercado de puxa-saco e perdeu um pouco da visão genial que ele tem da realidade. Se ele estivesse solto, não teria permitido uma série de desatinos que estão sendo promovidos.”
Para o candidato pedetista, esse movimento de manutenção da candidatura de Lula até o último momento, mesmo sabendo da inviabilidade, demonstra que o PT não está pensando no País: “E o PT muitas vezes dá demonstração que só pensa em si e nesse passo é muito flagrante isso. Todos sabiam que o Lula não podia ser candidato e contraria a inteligência do povo”.
Haddad
Ciro explicou por que acha que é diferente de Haddad. De acordo com ele, o petista não conhece o país. De olho nos votos de centro, afirmou que é “um pouco mais largo” do que o ex-prefeito paulistano e agora presidenciável: “A proposta que tenho fala com a centro-esquerda”.
O pedetista também descartou comparações com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG), a quem chamou de “pessoa honrada”. Ele disse, porém, que se sente “ofendido” ao ter as ideias comparadas às dela, que teve um “governo desastrado”. Para Ciro, a política “não é o ramo” de Dilma.
Embora já tenha dito que Lula foi condenado sem provas, Ciro negou que daria indulto ao ex-presidente caso fosse eleito: “Isso é só intriga”. Ciro também justificou não ter visitado Lula na prisão, em Curitiba, porque primeiro não foi autorizado pela juíza de execuções penais e, depois, não foi incluído na lista feita pelo ex-presidente: “Eu não iria por razão política, iria, por razão humanitária”.
Logo no começo da entrevista, Ciro revelou que depois que sua candidatura já estava homologada pelo PDT, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG) e o senador Roberto Requião (MDB-PR) o procuraram para que ele desistisse da disputa e aceitasse ser vice numa chapa encabeçada por Lula. O acordo previa que quando o petista preso em Curitiba fosse formalmente impedido pela Justiça Eleitoral, Ciro assumiria a candidatura em seu lugar.
O candidato do PDT afirmou que agradeceu o convite e disse que essa não era a forma de fazer uma liderança para o País: “O Brasil não pode viver por outorga. O Brasil não aguenta outra Dilma nesse sentido de um pessoa assumir porque é indicada pelo Lula. Não podemos ter outro presidente por procuração.”
Ele acrescentou que Fernando Haddad, indicado pelo ex-presidente para substitui-lo na campanha, não conhece o Brasil”.