Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2018
O Brasil deixará a ONU (Organização das Nações Unidas), um antro “de comunistas”, caso Jair Bolsonaro seja vitorioso nestas eleições, prometeu o presidenciável do PSL. “Se eu for presidente, eu saio da ONU. Não serve para nada essa instituição”, disse Bolsonaro no último sábado (18), em uma cerimônia de cadetes da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ).
“Saio fora, não serve para nada, é um local de reunião de comunistas e de gente que não tem o menor compromisso com a América do Sul”, disse após ser questionado sobre a decisão favorável de um comitê da ONU pela candidatura do ex-presidente Lula.
Aman
Na Aman, o capitão reformado Bolsonaro se formou, nos anos 1970. O seu vice, o general Antonio Hamilton Mourão, também. Questionado sobre um concurso da Polícia Militar paranaense que pedia “masculinidade” para as mulheres que desejassem integrar a corporação, Bolsonaro disse: “Logicamente, alguma coisa talvez a mulher não possa fazer aqui, enfrentar uma marcha de 54 km, que é como a gente fazia aqui na academia, não sei se isso seria adequado para elas”. “Pelo que sei no momento, elas estão aqui vindo mais para a área técnica, não para a infantaria, para a cavalaria. Quem sabe num segundo momento.”
Um comunicado à imprensa avisava que, na cerimônia, “30 mulheres pioneiras na linha combatente empunharão pela primeira vez o próprio símbolo da honra militar”, uma réplica da espada de Duque de Caxias. Difícil foi localizá-las no meio da tropa de 418 fardados.
“É por ordem de altura, as maiorzinhas ficam mais pra frente”, justificou um militar que auxiliava as esquipes jornalísticas sobre a ausência delas nas primeiras fileiras — uma delas, a cadete Milena Canestraro, recebeu sua espada do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, com Bolsonaro posicionado atrás deles.
Enfileirada, a primeira turma mista da Aman cantava estrofes como “somos a esperança de um Brasil inteligente”. A jornalistas, o candidato à Presidência disse que Marina Silva foi agressiva com ele, enquanto a recíproca não poderia ser mais diferente, no embate que os dois tiveram na véspera, durante debate da RedeTV!. “Ela gritou comigo ali, mais nada. Me interrompeu, e eu a tratei com a maior cordialidade possível. Nada de agressividade [da minha parte], nunca fiz isso com mulher nenhuma.”
Seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL) afirmou que a candidata da Rede tentou tirar vantagem de “sua condição de mulher” para desestabilizar Jair. Com uma “postura de estadista”, seu pai deu a “resposta que ela merecia, colocou ela em xeque”, afirmou. “Ela que perdeu as estribeiras. Foi se aproximando dele, elevando o tom de voz. Tentou colocar [Bolsonaro] em saia justa exatamente pela condição dela de ser mulher, para poder se vitimizar.”
Duas autoridades femininas, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a advogada-geral da União, Grace Mendonça, foram à cerimônia na Aman.