Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de janeiro de 2020
O ex-presidente boliviano Evo Morales, atualmente refugiado na Argentina,retratou-se por ter manifestado apoio à formação de “milícias armadas” inspiradas nas venezuelanas em seu próprio país. A declaração foi feita a uma rádio de Buenos Aires no fim de semana passado, e gerou forte controvérsia.
“Alguns dias atrás, vieram a público palavras minhas sobre a formação de milícias. Eu as retiro. Minha convicção mais profunda sempre foi a defesa da vida e da paz”, afirmou ele em carta pública divulgada em sua conta de Twitter.
O ex-chefe do Estado boliviano provocou contrariedades na Bolívia e na Argentina depois de declarar no fim de semana que, “se voltar (para a Bolívia) ou se alguém voltar, devemos organizar como na Venezuela milícias armadas do povo”.
Em sua carta de retificação, Morales disse não querer “que nada que ele diga seja usado como pretexto para perseguir e reprimir minhas irmãs e meus irmãos”.
As declarações de Morales provocaram protestos da União Cívica Radical da Argentina, de centro, cujo presidente Alfredo Cornejo questionou o status de refugiado do ex-presidente.
Depois de conhecer essa retração pública, a ministra das Relações Exteriores do governo interino da Bolívia, Karen Longaric, comentou:
“Na verdade, isso já é irrelevante, porque de, seu foro interno, ele divulgou todas as intenções que tem com o país e com o povo boliviano.”
O governo de transição da Bolívia sustenta que as declarações de Morales se enquadram nos crimes de sedição e terrorismo e as adicionaram a uma investigação já em curso contra o ex-presidente.
Jean Arnault, enviado especial da ONU para a Bolívia, disse na quarta-feira que a agência “reforça a rejeição expressa por muitos atores nacionais às declarações recentes” do ex-presidente.
Desde que Morales renunciou após semanas de protestos e sob pressão de militares, o Executivo interino, comandado pela senadora Jeanine Áñez, tem promovido diversas ações judiciais contra o ex-presidente e membros de seu governo, em uma campanha que seus opositores denunciam como “uma caça às bruxas”.
Na semana passada, o governo interino da Bolívia anunciou que vai investigar cerca de 600 autoridades de Morales por suposta corrupção. Já nesta semana o ex-braço direito de Morales, Carlos Romero, foi preso.