Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de março de 2018
Em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” antes de lançar nessa quinta-feira a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que uma possível tentativa de Michel Temer em chegar a um segundo mandato é legítima. Ele frisou, porém, que se esse projeto se concretizar, disputará “até o fim” contra o emedebista.
“Se ele for candidato, vou disputar contra ele. Serei candidato até o fim, mesmo com a participação de Temer”, prometeu. “Mas não acho que ninguém tenha alguma dívida comigo. Apoiei o governo porque tinha a convicção de que era o melhor para o Brasil eu não gerar instabilidade. Mais do que isso, eu tenho o sonho de ser presidente do Brasil, mas nunca manchando meu currículo.
Ele fez críticas à atual política econômica e voltou a dizer que “não será garoto-propaganda do governo”, mas que também não esconderá os acertos da gestão de Temer. Ele também avalia que o PSDB deve ser o seu principal adversário e que formar uma chapa com o governador tucano Geraldo Alckmin (SP), seria hoje “uma negligência política”.
Ainda segundo Maia, a rejeição ao PSDB e ao [pré-candidato] Alckmin inviabiliza a sua vitória: “Representamos um novo ciclo, com a certeza de que compor chapa com o PSDB hoje é participar de um projeto em que entregaremos o governo para aqueles que não governarão da forma que acreditamos. Se a situação do PSDB não fosse a de hoje, com essa rejeição, seria muito difícil que eu tivesse o apoio dentro do meu partido e de outras siglas que desejam construir comigo esse projeto.
“Há um caminho que rejeita a polarização entre PT e PSDB, ao entender que esse ciclo pós-redemocratização acabará após a transição feita pelo presidente Michel Temer”, acrescentou. “Eu tenho a responsabilidade de construir um projeto para que a gente não entregue o governo aos partidos de esquerda.”
Confrontado sobre o baixo índice de intenções de voto (1%) nas mais recentes pesquisas eleitorais, ele negou que a sua candidatura seria, na verdade, uma aposta para 2022. “Esse é um pleito de mudança na geração da política brasileira. E a nossa geração tem que se colocar e tem chance de vitória”, garantiu.
Pulverização
Sem a participação do ex-presidente Lula, esta será uma eleição menos radicalizada, porém menos previsível também”, admitiu. “Nós vamos construir um projeto que vai representar o nosso campo no primeiro turno.”
“Se o presidente Temer quiser ser candidato, é um direito legítimo dele. O governo tinha o projeto de fazer a transição, se mudou esse projeto, é um direito que tem. Quando sinalizou que estava preparado para assumir o poder na hipótese de impeachment de Dilma Rousseff, ele anunciou que faria uma transição e está fazendo essa transição, da qual o DEM participou. Temos que construir um projeto para um novo ciclo.
Sobre uma eventual candidatura do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), Rodrigo Maia ponderou que o nome do governo deve ser o próprio Michel Temer, mas que “é legítimo que todo brasileiro que queira disputar a eleição e coloque seu nome”.
“Se houver uma nova denúncia contra Temer, a Câmara terá a mesma boa vontade de enterrá-la, como das outras vezes?”, questionou o repórter. “A Câmara teve responsabilidade para não gerar mais instabilidade no País”, respondeu.
Já no que se refere à baixa popularidade de Temer, Maia atribuiu o fato a aspectos como a aprovação de um aumento salarial para 16 categorias, sinalizando que tinha recebido um governo equilibrado do ponto de vista fiscal. A comunicação foi ineficiente. “Outro erro foi não pensar políticas econômicas para compensar medidas ortodoxas”, criticou.