Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 3 de janeiro de 2018
Integrantes do Palácio do Planalto já não escondem sinais de incômodo com o “voo solo” do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), Paulo Rabello de Castro, que tem negociado diretamente com governadores a liberação de financiamentos para os Estados.
A avaliação de membros do primeiro escalão do Executivo é de que o titular do banco de fomento, ao tomar a iniciativa de liberar recursos, está desperdiçando um dos trunfos de Temer, que tem priorizado esforços para aprovar a reforma da Previdência no Congresso Nacional.
Essa atitude de Rabello, que não passou por uma consulta à cúpula do governo federal, tem sido criticada por aliados do presidente Michel Temer. A lista de descontentes inclui o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Outro motivo para narizes torcidos entre os situacionistas em Brasília é que o comandante do BNDES teve o seu nome cogitado como pré-candidato à corrida presidencial deste ano pelo seu partido, o PSC. “Rabello de Castro não está em sintonia com as ações do governo, pois faz uma ação individual”, condenou uma fonte próxima de Temer.
Economista e advogado, Rabello de Castro está no cargo desde o início de junho do ano passado, quando passou a ocupar a vaga aberta pela saída tumultuada da executiva Maria Silvia Bastos, prestigiada no mercado e que deixou a pasta por razões pessoais, segundo a versão oficial.
Nos bastidores, porém, a dança das cadeiras no comando do maior banco de fomento da América Latina teria sido resultado das pressões de empresários, incomodados com a “mão-de-ferro” de Maria Silvia na liberação de créditos. Antes de substituí-la, Rabello presidia o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde agosto de 2016.
Manifestação
Em mensagem enviada à imprensa na tarde dessa quarta-feira, o presidente do BNDES rebateu a informação, repercutida por diversos veículos, de que estaria sendo alvo de críticas por liberar recursos aos Executivos estaduais sem submeter o processo às instâncias superiores do governo federal.
“O BNDES não decide apoios financeiros por critérios políticos, pois isso seria a sua ruína enquanto banco de desenvolvimento”, rebateu no início do texto. Ainda segundo ele, são as equipes técnicas do Banco de fomento que conversam com as equipes técnicas de Estados e municípios, no que se refere à renegociação de dívidas.
Rabello também argumentou que a repactuação ocorrida em dezembro se refere ao previsto na Lei Complementar 156/2016, promovida pelo próprio presidente Michel Temer, e que o seu primeiro êxito é justamente contribuir para ajustar as finanças dos Estados.
“Foi o próprio presidente da República quem promoveu um jantar com representantes do BNDES e todos os governadores, em junho do ano passado, a fim de discutir e fortalecer a repactuação de dívidas que ocorre neste momento”, acrescentou.
Ele finalizou lembrando que “é governo”, ou seja, está do lado da situação: “Como economista e cidadão brasileiro, eu apoio a reforma da Previdência desde os anos 1980 e sou, provavelmente, quem mais tem defendido essa medida nas últimas três décadas”.