Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de setembro de 2017
Os advogados do presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, pediram um habeas corpus para anular todas as diligências da operação Unfair Play (“Jogo Sujo”) e que os bens de Nuzman sejam desbloqueados. Além disso, querem que a proibição de deixar o país seja cancelada. No começo do mês, agentes da polícia federal – acompanhados de autoridades francesas – cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa de Nuzman, sob suspeita de compra de votos pro Brasil sediar a Olimpíada de 2016.
Na residência, foram encontrados quase R$ 500 mil em espécie. Eles disseram que os valores são para despesas de viagens pelo comitê olímpico. E afirmaram ainda que dos três passaportes encontrados, somente o brasileiro está regularizado. Os outros, russo e diplomático, estão com validade expirada. Os advogados consideraram a participação dos agentes franceses na busca na casa de Nuzman inadequada, imprópria e abusiva. E disseram que o presidente do comitê foi destituído da dignidade pessoal e tratado como se fosse um meliante.
Os advogados alegaram que durante a candidatura, Carlos Arthur Nuzman limitou-se a divulgar e promover o projeto olimpíco brasileiro, com visitas a membros eleitores do comitê olímpico internacional de diversos continentes, inclusive o africano.
O que diz o MPF
O MPF (Ministério Público Federal) pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão do patrimônio de Carlos Arthur Nuzman; do empresário Arthur Soares; e de Eliane Cavalcante. O objetivo, segundo procuradores, é reparar os danos causados pelos trio devido às proporções mundiais da acusação, de fraude na escolha da sede da Olimpíada Rio 2016.
Segundo o MPF, os investigados obtiveram lucros mediante prática de corrupção e, com isso, lesaram os cofres públicos. O pedido de bloqueio, que inclui bens de valor como apartamentos, joias, carros e até um jatinho particular, seria essencial para o desmantelamento da organização criminosa.
De acordo com as investigações, um dos votos foi comprado de Lamine Diack – então presidente da Federação Internacional de Atletismo e então membro do Comitê Olímpico Internacional –, por meio de seu filho, Papa Massata Diack. Segundo a investigação, realizada em colaboração com o Ministério Público francês, Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões ao ex-atleta Papa Diack, cujo pai foi um dos jurados na votação que elegeu que elegeu o Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.
Suspeita
A suspeita de compra de votos pelo Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 foi repassada ao COI anos antes de o evento ocorrer no País. Contudo, segundo investigações, a entidade olímpica não teria reagido e, em abril de 2017, chegou a distribuir três cargos para ex-diretores do Comitê Rio-2016, inclusive para Carlos Arthur Nuzman.
A informação chegou ao COI de pelo menos duas formas. Uma delas foi por meio da Procuradoria francesa, que, no início de 2016, já havia aberto inquérito sobre a situação do Rio e de Tóquio, no Japão, sede de 2020. Naquele momento, advogados do COI procuraram as autoridades em Paris.
Representantes do Comitê de Ética da entidade também teriam procurado os investigadores naquele momento. Mas a informação também foi repassada pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, Eric Walther Maleson. Sem uma reação satisfatória, a testemunha teria optado por prestar depoimento de forma voluntária ao Ministério Público da França, antes mesmo de iniciar os Jogos de 2016 no Brasil. Procuradores europeus envolvidos no caso indicaram à reportagem que o comportamento do COI foi considerado como “estranho”.