Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2020
				Empenhado em se reeleger presidente do Senado, embora a Constituição não permita, David Alcolumbre (AP) garantiu a diversos interlocutores que dará em nada o pedido dos partidos Rede e Cidadania para que seja cassado o mandato do senador Chico Rodrigues (RR), flagrado em sua casa com cerca de 30 mil reais em dinheiro vivo, parte dos quais dentro da cueca.
Alcolumbre e Rodrigues pertencem ao mesmo partido, o DEM, cujo presidente, ACM Neto, prefeito de Salvador, mal se mexeu para punir seu correligionário. Considera que o partido não pode dar-se ao luxo de expulsar um senador dos seus quadros. O preferível seria que ele se licenciasse temporariamente, dando lugar ao suplente, que por sinal é seu filho. Ficaria tudo em casa.
O ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, afastou Rodrigues do cargo por 90 dias. Em sessão prevista para a próxima semana, o plenário do tribunal confirmará ou não a decisão de Barroso. O mais provável é que confirme. Mas a última palavra a respeito será dada pelo plenário do Senado. Aí entra Alcolumbre que trabalha em favor de Rodrigues.
Ele espera enterrar o assunto em plenário, evitando que seja examinado no Conselho de Ética que não se reúne desde o início da pandemia do coronavírus. Rodrigues é um dos membros do Conselho. Alcolumbre e a maioria dos seus colegas admitem que o caso desgasta ainda mais a imagem do Senado, mas que depois acabará esquecido.
Agenda
Mesmo com o Senado em meio a uma tormenta pelo escândalo envolvendo um dos seus membros, Davi Alcolumbre, correligionário de Chico Rodrigues, segue a uma distância regulamentar do caso: toca agenda própria, totalmente alheia à situação. Há uma semana, Davi tomou um jatinho oficial da FAB com destino a Macapá, onde passou o feriadão e decidiu emendar a semana em que não pautou votações no Senado.
Nem mesmo o dinheiro na cueca do colega ou o afastamento do mandato determinado a Chico Rodrigues pelo STF demoveram Alcolumbre da sua militância dedicada à eleição do irmão Josiel para a prefeitura de Macapá. Nem uma palavra pública sobre o tema foi dada, muito menos retorno a Brasília para discutir o rito do afastamento com os colegas.
Enquanto o Brasil tomava conhecimento de todos os detalhes do caso e Bolsonaro destituía Rodrigues da vice-liderança do governo no Senado, Alcolumbre dedicou parte do seu tempo ao aliado Roberto Góes, ex-deputado federal condenado por peculato pelo Supremo. Macapá parece ter virado um refúgio de paz para os dias agitados em que vive o Brasil.