Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de março de 2018
Em mais uma demonstração de aproximação diplomática com a Coreia do Norte, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no Twitter que o encontro entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, foi positivo. No entanto, Trump ressaltou que as pressões ainda serão mantidas.
O relato sobre a reunião foi dado por Xi Jinping a Trump por mensagem. O chinês disse ainda que Kim Jong-un relatou estar animado com o provável encontro com o líder norte-americano. “Recebi mensagem na noite passada de Xi Jinping de que seu encontro com Kim Jong-un correu muito bem, e que Kim está animado para se encontrar comigo. Enquanto isso, e infelizmente, sanções e pressão máximas precisam ser mantidas a todo custo”, escreveu.
Após um ano de troca de farpas, um encontro histórico entre os dois líderes está previsto. Eles devem se encontrar pessoalmente para debater, entre outros pontos, o programa nuclear e balístico da Coreia do Norte. A reunião está prevista para o fim de maio, mas ainda não há uma data fechada, nem local. Para os EUA, o melhor lugar para a reunião seria a capital Washington. Já os norte-coreanos devem preferir que o encontro seja sediado em Pyongyang.
Por que o encontro é tão importante?
Durante toda a Guerra Fria e mesmo depois dela, nunca um dos presidentes dos EUA se encontrou pessoalmente com um mandatário norte-coreano, o que dá um ineditismo histórico à reunião, ainda que ela não traga muitos resultados efetivos.
Em 2017, a Coreia do Norte testou sua arma nuclear mais poderosa e lançou três mísseis balísticos intercontinentais que seriam, supostamente, capazes de alcançar o continente americano. O anúncio também é surpreendente no sentido de que, desde a chegada de Trump à presidência, a relação entre os dois países se degradou e a retórica de ataque mútuo aumentou muito.
De acordo com o Washington Post, o ex-presidente Jimmy Carter se encontrou com Kim Il Sung, avô de Kim Jong-un, e o ex-presidente Bill Clinton se encontrou com o pai do atual líder, Kim Jong Il. Ambos os encontros, no entanto, aconteceram quando os americanos já haviam deixado o cargo, e viajaram a Pyongyang para buscar americanos que haviam sido presos pelo regime.
Kim busca salvar a economia norte-coreana, maltratada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Ambos os líderes têm interesse em fazer “um grande negócio”, nas palavras de Cheong Seong-Chang, um analista sênior no Instituto Sejong, da Coreia do Sul. De acordo com Cheong, há ainda a possibilidade que a Coreia do Norte se esforce para agendar encontros com a China, a Rússia e o Japão, em uma tentativa de sair do isolamento até o fim do ano.
Uma grande questão será se Trump pode aceitar um congelamento do programa nuclear da Coreia do Norte, no lugar de sua total eliminação, aponta Koh Yu-hwan, analista sobre a Coreia do Norte na Universidade Dongguk, em Seul.