Sábado, 25 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2018
Um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, o ministro da Secretaria Geral, Moreira Franco, pode mudar de ares. O presidente avalia a possibilidade de colocar o ministro, que atualmente despacha do Palácio do Planalto, à frente do Ministério de Minas e Energia, considerado a joia da coroa, já que o novo titular da pasta comandará a privatização da Eletrobras e as negociações em torno de um mega leilão de petróleo que pode render até R$ 100 bilhões para a União.
Segundo relatos de auxiliares do presidente, Moreira é considerado para o cargo porque tem feito um bom trabalho no comando do Programa de Parcerias e Investimentos, que toca todas as concessões e privatizações feitas pelo governo federal. Além disso, o traquejo político do ministro é visto como um trunfo para facilitar a privatização da Eletrobras. Um ministro afirmou que Moreira é “peça coringa”.
Outro ponto que fez o nome de Moreira Franco aparecer na bolsa de apostas para a pasta é a possibilidade de o ministro perder o foro privilegiado se ficar onde está. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal, em dezembro passado, no qual afirmou ser inconstitucional a lei que permitiu a nomeação do ministro. Na prática, ela entendeu que Moreira não pode continuar com o status de ministro.
Caso isso ocorra, ele perderia o foro privilegiado na Corte, onde é investigado em razão de citações na delação da Odebrecht, e poderia ter seu inquérito enviado para o temido juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR).
O atual ministro, Fernando Coelho Filho, entregou nesta quinta-feira (5) ao presidente a sua carta de demissão, e se reuniu com a equipe do ministério para se despedir. Ele deixa o cargo para se candidatar a deputado federal pelo MDB, em um arranjo que deve lançar a candidatura de seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, ao governo de Pernambuco. Pai e filho se filiaram recentemente ao partido de Michel Temer.
“A gente conseguiu, pelo menos no meu ponto de ver, restabelecer um ambiente de diálogo”, disse Coelho Filho.
O mercado e agentes do setor elétrico queriam que o secretário-executivo do ministério, Paulo Pedrosa, assumisse a pasta. Principal fiador técnico da equipe de Minas e Energia, Pedrosa é respeitado na área e comandou a elaboração da proposta de privatização da Eletrobras e o projeto para o novo marco regulatório do setor elétrico. Pedrosa já acertou com Coelho Filho que deixará o ministério também.
Além da privatização da Eletrobras, o novo ministro terá que conduzir as negociações com a Petrobras em torno da revisão de um contrato assinado com a empresa em 2010. Essa operação pode permitir a realização de um megaleilão petróleo que pode render até R$ 100 bilhões para os cofres da União.