Domingo, 12 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2020
Reiterando declarações de diversos líderes internacionais, o premier canadense Justin Trudeau disse que o Irã tomou um “primeiro passo importante” ao admitir ter derrubado o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines que caiu perto de Teerã na quarta-feira (8) “por erro humano”.
Ele, no entanto, afirmou que o governo iraniano deve se “responsabilizar completamente” pela queda e agir com “transparência total” nas investigações da tragédia que matou 176 pessoas, incluindo 63 cidadãos canadenses. Em tom similar, o presidente ucraniano Volodymir Zelenski insistiu em uma “admissão completa de culpa” e pediu a repatriação rápida dos corpos.
“O que o Irã admitiu é muito sério. Derrubar um avião civil é horrível. O Irã deve assumir a responsabilidade completa”, disse Trudeau, durante uma entrevista coletiva na tarde deste sábado, que afirmou estar “ultrajado” e “furioso” com o ocorrido. “O Canadá não irá descansar enquanto não houver responsabilização, justiça e a conclusão que as famílias merecem.”
Trudeau disse que haverá muitas reflexões sobre possíveis consequências para o Irã nas próximas semanas, mas que o foco agora é obter respostas para as múltiplas questões que permanecem. Ele afirmou que ainda é necessário informações mais claras para determinar se o abate do avião foi, de fato, acidental, mas afirmou que Teerã está cooperando com as investigações e concedeu três vistos para integrantes de uma unidade especial do governo canadense que auxilia embaixadas e consulados durante emergências.
O premier canadense também confirmou que conversou com o presidente iraniano, Hassan Rouhani, neste sábado e que fez um apelo para que Teerã trabalhe com o Canadá para reduzir as tensões regionais — algo que, segundo ele, colaborou para a queda do avião e pediu “transparência total” sobre a queda do avião. Durante o telefonema, segundo a imprensa iraniana, Rouhani teria prometido punir os culpados pelo incidente e investigações profundas sobre sua causa.
Ucrânia
Em tom similar, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, disse que insistiria numa “admissão completa de culpa” de Teerã e numa investigação “sem demoras ou obstáculos artificiais” e pediu a repatriação rápida dos corpos. Em um discurso televisionado, Zelenski afirmou que as informações descobertas por investigadores ucranianos em Teerã indicavam que a verdade sobre a queda do avião não poderia ser escondida.
Ele disse ainda Rouhani, que lhe fez um pedido formal de desculpas, concordou em uma cooperação técnica e legal completa com Kiev, incluindo o trabalho conjunto para decodificar a caixa-preta do Boing 737-800.
“Esperamos que o Irã assegure sua prontidão para uma investigação completa e aberta, para levar os responsáveis à Justiça, devolver os corpos das vítimas, pagar indenização e fazer um pedido oficial de desculpas por meio de canais diplomáticos”, escreveu, mais cedo, em sua página no Facebook.
O primeiro-ministro ucraniano Oleksiy Honcharuk, por sua vez, disse que o Estado pagará 200.000 hryvnias (R$ 34.184) para as famílias das vítimas. Ele disse ainda que diplomatas de Kiev estão trabalhando para que o Irã também compense financeiramente os afetados pela queda da aeronave.
Trump
O presidente americano, Donald Trump, não falou especificamente sobre a queda do avião, mas dirigiu-se ao “corajoso e há muito tempo sofrido” povo iraniano para falar sobre os protestos que tomaram às ruas do país após a admissão de culpa. Tuitando em farsi e inglês, o líder americano disse apoiar a população iraniana “desde o início da sua Presidência” e afirmou que está observando os protestos de perto e “inspira-se com sua coragem”.
“O governo do Irã deve permitir que grupos de direitos humanos monitorem e relatem fatos diretamente do solo nos protestos do povo iraniano. Não pode haver outro massacre de manifestantes pacíficos ou um corte da internet. O mundo está vendo”, postou em seguida o presidente, citando boatos não comprovados de que Teerã pretende cortar o acesso à internet no país.
Europeus se pronunciam
Em comunicado, o premier britânico, Boris Johnson, disse que o abate acidental apenas reforça a necessidade de reduzir as tensões na Ásia Ocidental e, assim como Trudeau, afirmou que a admissão iraniana é um “primeiro passo importante”. Ele afirmou ainda que é necessário que haja uma “investigação internacional compreensiva, transparente e independente” e a repatriação das vítimas, que incluem quatro cidadãos britânicos.
A rainha Elizabeth também emitiu uma nota sobre a queda neste domingo, expressando suas condolências aos afetados pela tragédia, em especial às vítimas canadenses. O Canadá é um país-membro da Comunidade Britânica, a Commonwealth, rede de 53 países sobre os quais o Reino Unido exerce influência.