Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2018
O futuro “superministro” da Economia, Paulo Guedes, afirmou nessa nesta terça-feira que a fusão dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços no governo federal que assumirá em poder em janeiro terá como objetivo reduzir a carga tributária, de forma sincronizada com uma política de abertura comercial.
De acordo com o “guru” do presidente eleito Jair Bolsonaro, a abertura deverá ser gradual para não prejudicar a indústria brasileira que em sua avaliação, está entrincheirada, tentando se proteger da competição externa com a ajuda de incentivos tributários e subsídios.
“Quem tem lobby consegue desoneração e quem não tem vai para o Refis [programa de renegociação de dívidas tributárias]”, declarou a um grupo de jornalistas. A ideia é de que a redução da carga tributária e a simplificação dos impostos interrompa esse círculo vicioso e permita o ganho de competitividade por meio da abertura comercial.
“Não vamos fazer uma abertura abrupta, que prejudique a indústria brasileira”, ressaltou o economista. “Ao contrário, vamos retomar o seu crescimento com juros baixos, reformas fiscais e desburocratização.”
Ainda sobre a fusão de pastas estratégicas, ele argumentou que “a razão do ministério da Indústria e Comércio estar próximo da economia é justamente para isso. Não adianta a turma da Receita ir baixando os impostos devagar e a turma da Indústria abrir muito rápido. Isso tudo tem que ser sincronizado, com uma orientação única”.
Sobre a subvenção do diesel, o futuro ministro afirmou que uma opção foi elaborada, mas ainda não deu tempo de levá-la ao presidente eleito. Guedes também garantiu que ainda não começou a tratar de nomes para chefiar as estatais, assim como não convidou nomes que estão no governo para ficar. Mansueto de Almeida, secretário do Tesouro, e Marcos Mendes, secretário especial da Fazenda, são cotados para permanecer.
A entrevista coletiva foi concedida após Paulo Guedes participar de uma reunião, no Rio de Janeiro, com Jair Bolsonaro. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), anunciado como futuro ministro da Casa Civil, estava ao seu lado.
Crítica da CNI
Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) criticou a decisão do governo eleito de fundir os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O questionamento tem por base o fato de que essa medida vai contra uma tendência mundial.
“Tendo em vista a importância do setor industrial para o Brasil, que é responsável por 21% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional e pelo recolhimento de 32% dos impostos federais, precisamos de um ministério com um papel específico, que não seja atrelado à Fazenda, mais preocupada em arrecadar impostos e administrar as contas públicas”, afirmou na nota o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade.
Atualmente, o governo federal conta com 29 ministérios. Bolsonaro disse, ainda durante a campanha eleitoral, que reduzirá esse número para 15, por meio da união de algumas pastas.