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Por Redação O Sul | 25 de julho de 2018
O diretório nacional do PSB cancelou a reunião que faria na próxima segunda-feira e decidiu deixar para o dia 5 do mês que vem (quando ocorre a convenção da legenda) a decisão sobre quem o partido apoiará na corrida presidencial. Com isso, prolongou-se o suspense que marca a disputa pela Presidência da República.
De acordo com uma fonte que acompanha as tratativas, a tendência continua favorável a uma aliança com o PDT do presidenciável Ciro Gomes. Mas o cancelamento da reunião responde às pressões exercidas por dois Estados importantes para a sigla: São Paulo e Pernambuco.
Desde a desistência de seu candidato preferencial ao Planalto, o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, o PSB vem sendo cortejado por outros partidos, especialmente o PDT e o PT.
Ciro já afirmou que “acende uma vela todos os dias” para concretizar uma aliança com o PSB, e o seu partido ofereceu apoio aos socialistas em quase uma dezena de disputas estaduais. Uma eventual aliança com o ex-ministro e ex-governador do Ceará encontra ressonância em boa parte da sigla, mas ainda há divergências que não podem ser desconsideradas pela cúpula.
A proposta esbarra sobretudo em São Paulo, onde o governador candidato à reeleição, Márcio França (PSB), ligado ao presidenciável tucano Geraldo Alckmin (PSDB), de quem foi vice-governador, prefere a neutralidade, a fim de evitar uma “saia-justa” eleitoral.
Já em Pernambuco, o PT ofereceu a retirada da candidatura da vereadora Marília Arraes, o que facilitaria a tentativa de reeleição do socialista Paulo Câmara, em troca de apoio do PSB na disputa pelo Palácio do Planalto.
Diante desse quadro de indefinição, que já vinha se apresentando desde o final do mês de junho, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, tem defendido que uma posição de neutralidade seria prejudicial ao partido.
PT
Em entrevista ao jornal “El País” divulgada nessa quarta-feira, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (2013-2016), coordenador do programa do PT à Presidência da República, disse que o “dream team” citado por Ciro Gomes (uma chapa formada pelos dois ex-ministros) não é uma ideia que “morreu na praia”.
Segundo ele, há “simpatia mútua”, mas o “plano A” do PT ainda é levar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sillva até as últimas consequências.
“Não sei se se aplica o termo morreu na praia, pois não saiu nadando e ainda está na ilha”, declarou Haddad. “Eu fui contemporâneo do Ciro na Esplanada dos Ministérios, mantenho com ele até hoje excelentes relações, e me aproximei muito do Cid Gomes (irmão de Ciro) quando ele foi governador do Ceará. Então, tenho muito respeito e admiração pelos Ferreira Gomes. São pessoas de valor, e essa afinidade acaba gerando este tipo de desejo, o que é natural.”
Apesar da “simpatia mútua” com Ciro, Haddad afirmou que “uma coisa que é importante para nós é a candidatura do Lula, que lidera as pesquisas e que seria eleito talvez no primeiro turno.” Mas se o “plano A” não der certo, Haddad admite que a situação pode ficar complicada:
“O problema é que se os partidos não estiverem coligados até o dia 5 de agosto, data final para as convenções, não poderão mais estar coligados dia 17 de setembro. Esse é o problema. É um problema legal”.