Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de outubro de 2018
Após uma troca de farpas entre o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, e o candidato tucano ao governo paulista, João Doria, o partido decidiu não apoiar nenhum candidato no segundo turno.
Com isso, os correligionários e militantes da sigla estão “liberados” para votarem em quem acharem melhor, seja Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT).
“Não apoiaremos nem o PT e nem o candidato Bolsonaro”, anunciou Alckmin após reunião da executiva nacional que ocorreu na sede do partido, em Brasília. Ele pontuou que a liberação do partido significa neutralidade na campanha.
Alckmin (que concorreu ao Palácio do Planalto no primeiro turno, ficando em quarto lugar, com 4,76% dos votos válidos) destacou que a posição é coerente com o que ele defendeu ao longo de sua campanha à Presidência da República. “Já vínhamos pontuando que extremos não são a solução”, voltou a defender.
Discussão
Em uma reunião acalorada, Alckmin chamou Doria de “temerista”. O candidato tucano ao governo de São Paulo cobrava do partido mais ajuda financeira às campanhas dos candidatos a governos estaduais que passaram para o segundo turno. Alckmin interrompeu Doria e disse: “Traidor, eu não sou”.
Questionado sobre a discussão, o ex-presidenciável minimizou. “Divergências são naturais e não ocorrem pela imprensa. Não faço política pela imprensa”, afirmou.
Doria, por sua vez, disse que Alckmin está com o “emocional abalado” por causa do “resultado inesperado” da eleição, onde saiu derrotado e recebeu menos de 5% dos votos. “Se Geraldo teve algum dissabor pessoal, da minha parte tem o meu perdão. Não foi nada que possa abalar as nossas relações pessoais”, declarou Doria à imprensa depois de deixar a reunião. Ele saiu antes do encontro terminar.
Questionado sobre o seu resultado na disputa presidencial, Alckmin disse que foi uma campanha “atípica” e que “todos os partidos estão enfraquecidos”. Mencionou ainda o fato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar preso e de Bolsonaro ter sofrido um atentado durante a campanha.
Outros partidos
Desde a confirmação de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, os demais partidos começaram a definir a posição que adotarão no pleito.
O DC, sigla de José Maria Eymael, decidiu por uma posição de neutralidade no segundo turno. Com isso, os filiados estão liberados para votar em qualquer um dos dois candidatos.
Já o Novo, legenda de João Amoêdo, confirmou que não vai apoiar nem Fernando Haddad (PT) nem Jair Bolsonaro (PSL). No entanto, a sua cúpula declarou, em nota aos militantes, que é “absolutamente” contrária ao PT, que, segundo o Novo, “tem ideias e práticas opostas às nossas”.
No PP, um documento declara que os progressistas manterão a postura de “absoluta isenção e neutralidade” no segundo turno. A legenda integra o chamado bloco do “Centrão” e no primeiro turno do pleito havia participado da coligação do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
No que se refere ao PPL, de João Goulart Filho, o apoio já está declarado a Fernando Haddad. Filho do ex-presidente Jango, Goulart Filho disse no comunicado que o País corre um “grande risco” diante da possibilidade de Bolsonaro se eleger no segundo turno.
O PSB, neutro no primeiro turno, também decidiu apoiar Haddad. A cúpula da legenda também resolveu liberar os diretórios regionais de São Paulo e do Distrito Federal, onde os candidatos do PSB, Márcio França e Rodrigo Rollemberg, respectivamente, disputarão o segundo turno ao governo estadual.
Já o PSOL de Guilherme Boulos abriu o apoio ao candidato do PT. A decisão foi tomada pela Executiva Nacional do partido após reunião na segunda-feira.
E o PTB, por sua vez, anunciou apoio a Bolsonaro. De acordo com um comunicado oficial da sigla, as propostas econômicas do candidato do PSL são o principal motivo da adesão.