Por Redação O Sul | 8 de julho de 2025
Segundo especialistas, o desejo de parecer “cool” é particularmente forte na adolescência.
Foto: FreepikUm novo estudo global aponta que pessoas consideradas “descoladas” compartilham seis características principais: são extrovertidas, hedonistas, poderosas, aventureiras, abertas e autônomas. A pesquisa buscou entender por que figuras tão diferentes quanto David Bowie, Samuel L. Jackson e Charli XCX transmitem a mesma aura de confiança e originalidade — e o que essas qualidades têm em comum.
Publicado no Journal of Experimental Psychology: General, o estudo entrevistou quase 6 mil pessoas em 12 países. Apesar das diferenças culturais, sociais e econômicas entre os participantes, a percepção do que significa ser “cool” foi surpreendentemente parecida. Segundo os pesquisadores, essas características são reconhecidas de maneira quase universal.
“Os resultados foram praticamente os mesmos em todos os lugares”, afirmou Caleb Warren, um dos autores do estudo e professor na Universidade do Arizona. Ele investiga a psicologia do consumidor há mais de 20 anos e se surpreendeu com a consistência das respostas.
Para participar do estudo, os entrevistados precisavam reconhecer a palavra “cool” em inglês, sem tradução. Isso, segundo os autores, indica que a ideia de “ser descolado” já se espalhou globalmente, influenciada principalmente pela cultura de países ocidentais, como os Estados Unidos.
Joseph Henrich, professor de Harvard que não participou da pesquisa, aponta que esse fenômeno é reflexo da influência cultural americana. Para ele, a exportação de estilos musicais e comportamentos ajudou a consolidar um modelo global de “coolness”.
O estudo procurou ir além da ideia de simpatia ou competência. Os pesquisadores pediram aos participantes que pensassem em pessoas específicas: uma descolada, uma não descolada, uma boa e uma não boa. A partir daí, avaliaram 15 atributos diferentes para entender os traços associados a cada tipo.
Embora houvesse alguma sobreposição, pessoas consideradas boas eram vistas como mais tradicionais, conformistas, seguras, agradáveis e universalistas. Já os “descolados” se destacavam por serem mais ousados, independentes e inovadores.
Ainda assim, o estudo tem limitações. Quem não conhecia a palavra “cool” foi excluído, o que dificulta avaliar como o termo é compreendido em culturas onde o inglês não é predominante. Além disso, a maioria dos participantes era jovem, com média de idade em torno de 30 anos ou menos.
A ideia de ser descolado também muda com o tempo e o contexto. Em algumas culturas, por exemplo, traços como agressividade aumentam o status social, enquanto em outras são malvistos. Segundo especialistas, o desejo de parecer “cool” é particularmente forte na adolescência, mas pode ter efeitos duradouros.
Ser descolado pode garantir popularidade temporária, especialmente na juventude. No entanto, estudos mostram que esse comportamento, quando exagerado, pode levar a riscos como o uso precoce de drogas ou problemas nos relacionamentos. No longo prazo, afirmam os pesquisadores, o que realmente importa é o quanto a pessoa é estimada e valorizada socialmente — mais do que apenas parecer interessante.
