Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2025
O governador de São Paulo é tido como o aliado de Bolsonaro com melhor trânsito entre ministros do STF.
Foto: Alan Santos/PRArrolado como testemunha de defesa de Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, depõe nesta sexta-feira (30) no caso da tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente adiantou a aliados o roteiro que acredita que Tarcísio seguirá em sua oitiva, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro espera que seu pupilo político enfatize que ele não falou sobre ruptura institucional ou tentativa de golpe de Estado, em conversas que ambos tiveram após a derrota para Lula.
Para o capitão reformado, essa deve ser a tônica do depoimento do governador. Tarcísio e Bolsonaro tiveram dois encontros no período em que seguia presidente, mesmo após a derrota para Lula. Um deles foi em novembro e outro em dezembro de 2022. É justamente nesse período em que o ex-presidente é acusado de planejar e liderar uma tentativa de golpe para impedir a posse de Lula.
Sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro, Tarcísio vai repetir o que também já disse publicamente. O governador dirá que não vê relação da invasão aos prédios dos Três Poderes com Jair Bolsonaro e pode até comparar o episódio com atos de vandalismo que movimentos de esquerda já fizeram na Esplanada.
Tarcísio
A denúncia contra Bolsonaro e mais sete aliados foi aceita, em março, pela primeira turma da Corte. A audiência terá início às 8h desta sexta-feira e será feita por videoconferência. À tarde, o julgamento segue, mas o governador irá cumprir agenda em Santa Bárbara d’Oeste, a 150 km da capital paulista.
Conforme aliados, o depoimento de Tarcísio terá mais valor político do que na Justiça. O governador de São Paulo é tido como o aliado de Bolsonaro com melhor trânsito entre ministros do STF. Tarcísio tem boa interlocução, inclusive, com Alexandre de Moraes, o relator do caso.
Ele também mantém conversas com Kassio Nunes Marques, André Mendonça, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. No entanto, apenas Moraes faz parte da primeira turma, que julgará Bolsonaro. Outra percepção de aliados do governador é que ele servirá mais como uma “testemunha de precedente” do que “testemunha de fato”. Tarcísio não deve se arriscar a contar teses que podem ser desmentidas pela investigação.
O governador deve destacar a proximidade que teve com Bolsonaro durante a campanha de 2022 e que nunca ouviu falar em trama golpista, como já antecipou em um podcast, ao lado do ex-presidente.
“Quantas vezes eu vi o presidente arquitetando, armando alguma coisa que estivesse fora da Constituição? Nunca. Esse papo nunca houve. Eu era um ministro próximo e nunca vi nada disso, nenhum movimento”, disse o governador em entrevista ao podcast Inteligência Ltda em 25 de março, um dia antes do início do julgamento no STF.
De acordo com os relatórios da PF, Tarcísio visitou Bolsonaro duas vezes no Palácio do Alvorada, após as eleições de 2022. Em 19 de novembro e em 11 de dezembro daquele ano, Tarcísio se reuniu com o ex-presidente.
Bolsonaro é réu por por organização criminosa armada, golpe de estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União. A condenação pode ser de até 43 anos de prisão.