Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de setembro de 2015
Ter 101 anos de idade e manter um casamento por sete décadas. O segredo? Um só: paciência. Essa é a fórmula de João Vicente, batizado João do Espírito Santo, que neste mês comemorou mais um aniversário. Para ele, a tolerância é a receita da longevidade e da vida a dois tão duradoura.
“Temos que suportar as falhas”, resume o aposentado, que vive em Campinas, São Paulo, com a mulher, Maria Marta Monteiro Vicente, 87, há 43 anos. O casal tem seis filhos, 22 netos, 12 bisnetos e quatro tataranetos.
“Eu estou vivo!”, costuma dizer todos os dias em forma de agradecimento. E vai celebrar as chamadas Bodas de Vinho, de 70 anos de união com a mesma mulher. “Sou paciente, dispenso muita coisa. Eu gosto de cumprir o que prometi no altar”, gaba-se João.
Ele não lembra de quase nada da infância, apenas as memórias relacionados à juventude na paróquia do Padre Cícero, responsável pelo batismo, e a fuga da Paraíba para tentar a vida, sozinho, e ser soldado da borracha em Rondônia.
História de amor.
Foi em Guajará Mirim, Rondônia, em 1944, que o casal se conheceu. Não houve paquera. Por intermédio do irmão e sem a benção da mãe, Maria Marta se casou no ano seguinte com João, na época, 15 anos mais velho que ela.
Logo após o casamento, a lembrança mais marcante de João foi o parto que ele realizou do último filho. “Não tinha tempo de levá-la para o hospital, o filho ia nascer alí mesmo. Então, ela foi me dando as coordenadas e eu fiz o parto. Cortei o umbigo, amarrei, tudo o que ela disse, eu fiz, certinho”, conta João. A mãe de Maria Marta era parteira, por isso, ela sabia orientar na hora do nascimento.
Contador de histórias.
Para manter a mente e corpo com saúde, João gosta de contar as histórias da infância, as poucas que ele se lembra. Não gosta de ouvir música, mas adora ver televisão. “Eu torço pelo São Paulo, então, não importa o dia e o horário do jogo, eu vou assistir”, afirma.
E garante que evita brigas, que é paciente e que cuida da esposa. Maria Marta faz o mesmo. Segundo Jorge Vicente, um dos filhos do casal, sempre um se preocupou com o outro. “Eles fazem de tudo para não brigar, serem bons um com o outro e cumprir a promessa do casamento”, completa Vicente.
Os filhos disseram que o pai costumava dizer um ditado popular nordestino que diz “quem comeu a carne, que roa os ossos”, portanto, fazem tudo para ficarem juntos até o fim. O casal não consegue definir o que é o amor.
Afeto duradouro.
O afeto cresceu um pelo outro conforme os anos foram passando. A demonstração de carinho e cuidado definem o sentimento. “Eu gosto muito dela, amor puro, desejo tudo de bom para ela, principalmente saúde”, diz João. Maria Marta completa: “Eu desejo que ele tenha saúde”.
“Em um dos aniversário da mamãe, nós preparamos uma homenagem e, como ele não fala muito, deixamos ele de lado. Ele reclamou e disse: ‘Eu não vou falar não?’, e pegou o microfone e fez a declaração mais bonita de todas, nós ficamos emocionados”, conta a outra filha, Rosália Vicente.
Assim como em todos os anos, desde que estão juntos, o primeiro pedaço do bolo do aniversário de João foi para Maria Marta. “Eu gosto disso, porque mostra carinho”, conta a aposentada. “Eles ficam muito tempo sem se beijar, então, nessas datas, dão um selinho e parecem uns passarinhos, ficam muitos felizes”, conta Rosália. (AG)