Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2019
Em votação secreta, o plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (25), por 68 votos a 10, a indicação de Augusto Aras para chefiar a PGR (Procuradoria-Geral da República). Para ser aprovado, um indicado à PGR precisa de pelo menos 41 votos. Dos 81 senadores, dois faltaram e um se absteve.
Aras foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para ser o sucessor de Raquel Dodge à frente do MPF (Ministério Público Federal). Com a aprovação do Senado, Aras ficará no cargo pelos próximos dois anos.
Antes da votação no plenário principal do Senado, Aras passou por uma sabatina de mais de cinco horas na Comissão de Constituição e Justiça da Casa. No colegiado, recebeu 23 votos favoráveis e somente 3 contrários.
Com a aprovação no Senado, será marcada uma data para a posse de Aras como chefe do MPF.
Logo após a votação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), assinou mensagem que, segundo o senador, seria “imediatamente” encaminhada ao Palácio do Planalto, para comunicar ao presidente a aprovação do indicado.
Ao lado de Aras, Alcolumbre cumprimentou o subprocurador e desejou “êxito” ao aprovado. “Muita sorte na condução da PGR, para que possamos juntos pacificar o Brasil”, disse o presidente da Casa.
Aras deixou o Senado sem falar com a imprensa. No início da noite, ele foi à residência oficial do Palácio da Alvorada se reunir com o presidente Jair Bolsonaro.
Sabatina
Na sabatina, Aras ressaltou que terá uma atuação independente no comando da PGR e que a Operação Lava-Jato é um “modelo de excelência” e um “marco” na história do país, mas deverá passar por “correções”.
“A Lava-Jato é um marco, traz boas referências. Mas é preciso que nós percebamos que toda experiência nova traz dificuldades. Sempre apontei os excessos, mas sempre defendi a Lava-Jato. A Lava-Jato é resultado de experiências anteriores. Esse conjunto de experiências gerou um novo modelo, passível de correções”, afirmou Aras.
Ele foi questionado por senadores sobre o fato de seu nome não constar na lista tríplice elaborada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) com sugestões para o cargo de procurador-geral. Desde 2003, o presidente da República escolheu um procurador dentro da lista, o que não ocorreu desta vez. Apesar de outros presidentes terem respeitado a lista tríplice, essa não é uma exigência legal.
“Não há alinhamento no sentido de submissão a nenhum dos Poderes, mas há evidentemente o respeito que deve reger as relações entre os Poderes e suas instituições. […] Eu asseguro a Vossas Excelências que não faltará independência a esse modesto indicado”, disse Aras.
Vazamentos
Aras defendeu ainda, durante a sabatina, a “unidade institucional” do Ministério Público e condenou o vazamento de informações sobre investigações conduzidas pela instituição. De acordo com ele, os vazamentos, que atingiram diversos políticos nos últimos anos, “violam a privacidade e a dignidade da pessoa humana”.
O novo procurador-geral disse ainda que o MP não deve “condenar por condenar” nem “perseguir” na sua atuação.
Aras afirmou ainda ser favorável à prisão após condenação em segunda instância porque, segundo ele, “o nosso processo civilizatório exige.” Entretanto, defendeu o direito dos condenados a recursos e a habeas corpus.
O procurador-geral afirmou ainda que o MPF “tem o dever de zelar pelas minorias”, mas também pelas “maiorias que são tratadas como minorias porque são sub-representadas, como mulheres e afrodescendentes.”
Ele também defendeu o direito de índios explorarem terras demarcadas através de agricultura e mineração.