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Por Redação O Sul | 18 de setembro de 2019
O plenário do Senado rejeitou, nesta quarta-feira (18), duas reconduções para o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Os conselheiros Lauro Machado Gomes e Dermeval Farias Gomes, que compunham o colegiado desde 2017, tiveram os nomes derrotados por serem considerados apoiadores da Operação Lava-Jato pela maioria dos senadores.
Terceiro indicado à recondução no colegiado, Marcelo Weitzel teve o seu nome retirado da pauta de votações pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), após a sequência de derrotas. A tendência é de que o nome dele também seja derrotado pelo plenário.
Na semana passada, os três conselheiros negaram o afastamento cautelar do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba (PR), por suposta atividade político-partidária ao se manifestar contra a eleição do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para a presidência da Casa. O pedido foi indeferido por unanimidade.
Em agosto deste ano, os mesmos três conselheiros votaram contra uma representação feita pela senadora Katia Abreu (PDT-TO) no Conselho Nacional do Ministério Público. Eles votaram para manter o arquivamento de uma reclamação feita por ela contra Deltan Dallagnol.
Reservadamente, senadores avaliam ter “pesado” na avaliação a postura considerada “corporativista” dos conselheiros ao longo do primeiro mandato no CNMP. Lauro Machado Gomes estava no plenário durante a votação.
Raquel Dodge
A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge “segurou” casos da Operação Lava-Jato por até 21 meses. A desaceleração nos ritmos de trabalho da investigação levou o ministro Edson Fachin, relator da operação no STF (Supremo Tribunal Federal), a questionar, no mês passado, a chefe do Ministério Público Federal sobre o andamento das apurações, conforme documento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Dodge deixou na terça-feira (17) o cargo e apresentará uma prestação de contas sobre os dois anos de sua gestão. Fachin listou 14 casos que estavam, na época, aguardando um posicionamento da Procuradoria, de dezembro de 2017 até hoje – uma soma que chega a 21 meses.
Um dos mais emblemáticos é um inquérito que investiga o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE). A apuração foi aberta a partir do acordo de colaboração premiada celebrado pelo Ministério Público com Nelson José de Mello, ex-diretor institucional do grupo empresarial Hypermarcas, que relatou valores repassados ao emedebista. Encaminhado à Procuradoria em março de 2018, o inquérito até hoje não retornou ao Supremo para ser analisado por Fachin.