Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2018
O senador Romero Jucá (MDB-RR) entregou a liderança do governo no Senado na última segunda-feira (27), mas não devolveu os cargos que indicou no Executivo. Ele mantém, por exemplo, a indicação de Helga Jucá, sua irmã, na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Ela ocupa cargo comissionado no órgão, vinculado à Presidência da República. Seu salário-base é de R$ 13 mil, segundo o Portal da Transparência.
Por meio da assessoria, Jucá disse que apenas deixou a liderança “porque discorda da questão de Roraima”. Em relação às outras medidas, como as de recuperação econômica e políticas públicas, o senador mantém seu apoio. Em nenhum momento ele rompeu com o governo, justificou a assessoria.
Jucá comunicou a decisão pessoalmente ao presidente Michel Temer, em reunião no Planalto, na qual entregou um carta, divulgada em seguida para a imprensa.
Fronteira
Jucá, candidato nas eleições de outubro a um novo mandato de senador por Roraima, defende que o governo federal feche a fronteira do estado para venezuelanos. Temer afirmou em mais de uma oportunidade que não cogita fechar a fronteira.
Roraima é a principal porta de entrada dos imigrantes venezuelanos no Brasil. O Estado tem enfrentado dificuldades para lidar com o volume de estrangeiros, que deixam o país vizinho para fugir da crise econômica e social.
“Acabo de comunicar ao presidente Michel Temer que deixo a liderança do governo por discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima.”, afirmou o senador em sua conta no Twitter. Depois ele deu uma entrevista no Palácio do Planalto.
Na carta enviada para Temer, Jucá afirmou que é obrigação do governo zelar pelos interesses dos Estados da federação. “Somos uma República federativa, a obrigação precípua do poder central é cuidar dos entes federados, do bem-estar, e da segurança da população, não se apegando a interesses internacionais em detrimento da realidade, do bom senso e da responsabilidade com o nosso povo”, disse o senador.
Jucá é um dos principais aliados de Temer na política. Ele foi ministro do Planejamento no início do mandato do presidente, logo após o afastamento de Dilma Rousseff, em 2016. No entanto, deixou o cargo de ministro em seguida, ao aparecer em áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sugerindo um “pacto” para barrar a Lava-Jato.
Jucá seguiu dando apoio à gestão Temer como líder no Senado. Na carta enviada a Temer, ele disse que sente “orgulho por tudo que conseguimos realizar nesses dois anos de governo”. No entanto, segundo ele, o posto de líder do governo não combina com as cobranças que ele faz com relação à crise dos imigrantes em Roraima.
“Entre o posicionamento em defesa de Roraima, e as ações do governo federal, não titubeio em ficar ao lado do nosso povo e do Estado que represento”, disse Jucá. O senador ressaltou que a decisão não é um rompimento político com Temer. Jucá preside o MDB, mesmo partido de Temer.
“O governo disse que é inegociável fechar a fronteira sob qualquer ponto de vista, e eu entendo que sem o fechamento da fronteira para organizar o trabalho, o assunto só vai agudizar”, completou o senador.