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Colunistas O sindicalista e o gaudério

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Não foi um avanço doce e incontestável  o do Lula político. Para não utilizar as críticas duras dos adversários ideológicos.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O “trainee barbudo”, já então falante, aproveitou a saída do Presidente Paulo Vidal – a categoria queria uma linha mais agressiva – e transformou-se no orador mais aplaudido dos comícios da Vila Euclides.

Não havia dúvida. Ele tinha um carisma especial que decorria do somatório do sofrido retirante nordestino, com o perfil de “coroinha inteligente” e o jeito urbano do adotado e adatado torneiro mecânico do chão de fábrica.

O seu discurso foi ganhando uma acentuação crítica. Feitos progressivamente mais apimentados. O coordenador da área de segurança política, em São Paulo, era o já então notório, originário do DOPS (muito mais versão de “durão” do que “assustador policial repressivo”) Romeu Tuma. Deteve Lula, nas dependências da repartição, por três ou quatro semanas. E sobre a prisão todos queriam notícias que foram surgindo a conta gotas. Até de tortura se cochichava.

Com isso, gerou-se uma curiosidade temerosa, nas áreas da esquerda aterrorizada. Eis que, surpreendentemente, Lula é solto. Sua imagem parecia igualzinha a do tempo de pré-prisão (só lhe faltava o indicador, mas essa é outra história). Mas não. Ele, que fora preso como um combativo sindicalista, ousado mas noviço, saiu da cadeia como um perseguido lutador pela causa, líder classista que falava com a pretensão de faze-lo em nome da categoria. Dai, para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, foi um passo. O sindicalismo crescente do ABC vinha para contestar e afastar (era o que diziam) os que chamavam de “pelegos” lideranças antigas e acomodadas, dóceis  aos “comandos” do Governo.

A etapa seguinte foi a de ter espaço na Política, já que a aspiração e o objetivo era o Poder. Na prática, refundou-se, aproveitando a simpatia do povo da Região, o PT, com o sugestivo e valorizado destaque – no início tinha sentido – para o nome: Partido dos Trabalhadores. Na verdade, sempre foi o Partido do Lula, mesmo quando ele não era Presidente. Era – e é – o que mandava e manda: até porque o “Lulismo” é muito maior que o petismo.

Ao mesmo tempo, Lula se apropria do vacante “cargo” de líder da oposição afirmando – com técnica demagógica – que conquistara espaço político  para o operariado, garantindo – formal mas não realisticamente –  que o Partido político surgira para ser “do povo”, de quem “tinha a cara e o endereço”. Em verdade, diferenciava-se da elegante, mas incapaz “OPOSIÇÃO CAVIAR”, bonita mas inútil.

Não foi um avanço doce e incontestável  o do Lula político. Para não utilizar as críticas duras dos adversários ideológicos, aproveito-me do esquerdista gaúcho, com traços de gaudério que, no seu estilo pampeiro e original, chamava o sindicalista de “sapo barbudo”. E, com jocosidade, assegurava que o líder petista era “filhote novo do velho casamento” do sindicalismo com a Religião. E insistia: tudo “copiadinho da Europa”. E continuava: “ele não é e nunca foi, comunista”: “nem subversivo”. E como o sindicalista do PT se dispunha como acontecia nas democracias ocidentais, à negociação coletiva com empresas e entidades patronais, o trabalhista e alguns dos seus parceiros, radicalizando, asseveravam: “o sindicalismo do PT é enteado das ideias socialistas mas é mesmo filho do capitalismo com quem vive negociando”. Com uma super dose de veneno ironizava: “os militares sempre souberam disso”. E completava sua intriga: “interessante o fato de que tantos oposicionistas tenham sido exilados; outros ficaram no Brasil; se notórios, mesmo menos do que o Lula, foram cassados. Enquanto nada disso lhe aconteceu”.

Os corrosivos ataques do esquerdista gaudério eram um pouco “fogo amigo”. Só um pouco! No mais, era a disputa acirrada – normalmente intramuros que, as vezes, ganhava as ruas – pela valiosa chefia da crescente oposição.

Será tema de próximas crônicas o recordar e analisar, mesmo superficialmente, o passado, tentando ajudar a entender, se possível, o confuso – e lamentável – presente político.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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