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Notícias O software que espiona seu parceiro e é cada vez mais usado no Brasil. Ele permite até usar a câmera para espionar

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Brasil é o terceiro país que mais usa aplicativo que espiona parceiro à distância. (Foto: Reprodução)

Amy (nome fictício) diz que tudo começou porque o marido dela parecia conhecer detalhes íntimos de suas amizades. “Ele costumava soltar coisas quando conversávamos, como saber que a Sarah tinha um bebê. Coisas realmente privadas que ele não deveria saber.”

“Quando eu perguntava como sabia dessas coisas, ele respondia que eu mesma tinha falado sobre isso e me acusava de ‘louca'”, conta ela.

Amy  também começou a se perguntar por que seu marido sempre sabia onde ela estava. “Às vezes, ele dizia que tinha me visto em um café com meus amigos e que estava passando ali por acaso. Comecei a questionar tudo e não confiar em ninguém, nem mesmo nos meus amigos.”

Por meses, esse tipo de situação se tornou mais comum, transformando o que já era um casamento abusivo em um pesadelo que chegou a um final assustador depois de uma viagem de Halloween em família.

Relatório diário

“Saímos para visitar uma plantação de abóboras. Excepcionalmente, estávamos tendo um bom fim de semana, tudo estava indo bem. Nosso filho de 6 anos estava brincando no chão e estava bem feliz”, lembra Amy.

“Meu marido me entregou o telefone dele para mostrar uma foto que tinha tirado na fazenda e, naquela fração de segundo, vi um alerta aparecer em sua tela. Dizia: ‘O relatório diário sobre o Mac de Amy está pronto’.”

“Senti um calafrio percorrer meu corpo e parei de respirar por um minuto. Tive que me desculpar e fingi que precisava ir ao banheiro. Tive de continuar ali pelo meu filho e fingir que não tinha visto nada.”

“Assim que pude, fui à biblioteca para usar o computador e pesquisar sobre o spyware que ele poderia estar usando. Foi quando tudo fez sentido, após meses pensando que estava ficando louca.”

O “stalkerware”, também conhecido como spouseware, é um poderoso software de vigilância que geralmente é vendido livremente na internet.

Ele permite acessar todas as mensagens de um dispositivo alheio, registrar as atividades na tela, rastrear localizações de GPS e até usar a câmera para espionar o que uma pessoa faz.

De acordo com a empresa de segurança cibernética Kaspersky, o número de pessoas que descobriram esse tipo de software em seus dispositivos aumentou em pelo menos 35% em 2018.

Os pesquisadores da Kaspersky dizem que suas tecnologias de proteção detectaram o stalkerware em 37.532 dispositivos até o início de outubro de 2019.

E o principal pesquisador de segurança da empresa, David Emm, diz que esta é apenas a “ponta de um iceberg muito grande”.

“A maioria das pessoas protege rotineiramente um laptop ou computador de mesa, mas muitas pessoas não protegem um dispositivo móvel”, diz ele.

“Essas informações são provenientes das instalações do nosso produto de segurança (em smartphones)… e esse número nem chega perto do que seria o total”.

As conclusões do Kaspersky indicam que a Rússia é o país com os mais altos níveis de atividade de stalkerware. Eles são seguidos pela Índia, Brasil, Estados Unidos e Alemanha.

Como se proteger?

Outra empresa de segurança diz que existem medidas práticas que as pessoas podem adotar caso suspeitem que estejam sendo espionadas.

“É sempre aconselhável verificar quais aplicativos estão no seu telefone e executar uma busca por vírus quando necessário. Se houver um aplicativo no seu dispositivo que você não reconheça, vale a pena procurar informações na internet e removê-lo, se necessário”, diz Jake Moore, da empresa Eset.

“Como regra geral, se você não estiver usando um aplicativo, exclua-o.”

Depois que Amy percebeu que seu computador tinha sido afetado, ela desenvolveu uma grande desconfiança em relação a tecnologia, que só agora está superando.

Especialistas dizem que essa é uma resposta psicológica comum a um trauma como esse.

Jessica é outra vítima do stalkerware. Seu ex-marido costumava espioná-la regularmente através do microfone do telefone e fazia jogos psicológicos ao repetir frases específicas que ela e seus amigos tinham usado em conversas privadas.

Já faz anos que ela deixou esse relacionamento, mas até hoje ela ainda deixa o telefone no carro quando vai ver seus amigos.

Impacto vitalício

Gemma Toynton, da organização britânica contra o abuso doméstico Safer Places, diz ter notado esse efeito a longo prazo em vários dos casos com os quais lidou.

“Isso reduz a confiança da pessoa”, explica. “Faz com que ela veja o telefone ou laptop como uma arma, porque foi assim que o aparelho foi usado.”

“A tecnologia se tornou, em suas mentes, em uma rede que as cerca e muitas pessoas param de usar a internet.”

“Realmente afeta toda a sua vida. O fato de esses stalkerware estarem em alta é uma preocupação real.”

Amy, que é americana, agora está divorciada e mora a muitos quilômetros do ex-marido.

Ele tem uma ordem de restrição que o impede de entrar em contato direto com ela. O homem tem permissão legal apenas para combinar a logística de encontros com o filho por carta.

Amy diz que mais deve ser feito para legislar contra o uso desse tipo de tecnologia.

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