Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2017
O julgamento no Tribunal Superior Eleitoral escancarou um duelo entre o presidente da Corte, Gilmar Mendes, e o ministro Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Em uma vaidosa batalha, com muita “modéstia às favas”, discussões sobre “fama” e “glamour” intensificaram os ataques entre os magistrados.
Dono de uma verve tão famosa quanto afiada, Gilmar até agora encontrou em Benjamin um esgrimista à altura, porém de estilo diferente. Enquanto o primeiro abusa da contundência, o relator adota um estilo mais moderado. O primeiro embate se deu quando Gilmar chamou de “falacioso” o argumento de Benjamin de propor a inclusão na ação de delações da Odebrecht. O relator recorreu às contradições de seu oponente e lembrou de um voto de Gilmar de 2015, quando Dilma ainda era presidente, no qual ele defendeu a observância sobre os fatos revelados pela força-tarefa.
Gilmar então interrompeu Benjamin enquanto ele explicava seu posicionamento sobre vazamento de delações – para o relator, as provas são lícitas. O presidente, apesar de “encantado” com a fala do colega, pediu para que ele fosse mais sucinto. Benjamin demonstrou irritação. “Vossa Excelência pode estar encantado, mas eu não estou. Quem está falando sou eu. Com o desgaste de minha saúde, não posso falar muito”, afirmou. O relator está resfriado.
No fim da sessão, Gilmar voltou à provocação e disse que o processo não foi engavetado em razão de seu esforço. “Essa ação só existe graças ao meu empenho, modéstia às favas”, afirmou. Por não ter sido a ação engavetada, então, deveria Benjamin agradecê-lo pela fama, uma vez que ele “só estava brilhando em todo o Brasil, na televisão” por ser o relator. Benjamin, conhecido por ser vaidoso, disse preferir o “anonimato”: “Não escolhi ser relator. Preferia não ter sido.” (AE)