Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2020
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), instância máxima da Justiça Eleitoral, responsável por organizar eleições no país, rebateu a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a eleição de 2018 foi fraudada e reafirmou, em nota divulgada na terça (10), que o sistema de urnas eletrônicas é confiável e auditável.
“Ante a recente notícia, replicada em diversas mídias e plataformas digitais, quanto a suspeitas sobre a lisura das eleições 2018, em particular o resultado da votação no 1º turno, o Tribunal Superior Eleitoral reafirma a absoluta confiabilidade e segurança do sistema eletrônico de votação e, sobretudo, a sua auditabilidade, a permitir a apuração de eventuais denúncias e suspeitas, sem que jamais tenha sido comprovado um caso de fraude, ao longo de mais de 20 anos de sua utilização”, afirmou o TSE, presidido pela ministra Rosa Weber.
Nesta segunda-feira (9), durante visita aos Estados Unidos, Bolsonaro disse, sem apresentar provas, que houve fraude eleitoral em 2018 e que ele foi eleito no primeiro turno. “Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito no primeiro turno, mas, no meu entender, teve fraude.”
“E nós temos não apenas palavra, temos comprovado, brevemente quero mostrar, porque precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes. Então acredito até que eu tive muito mais votos no segundo turno do que se poderia esperar, e ficaria bastante complicado uma fraude naquele momento”, completou o presidente.
Após 30 minutos de discurso, Bolsonaro não apresentou nenhum indício concreto do que chamou de fraude na eleição de 2018 e também não respondeu sobre possíveis provas após o evento, quando foi questionado por jornalistas.
Nesta terça, ele voltou a criticar a Justiça Eleitoral, mais uma vez sem apresentar provas ou pesquisas que sustentem suas declarações. “Eu quero que você me ache um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro”, declarou o presidente após participar de um esvaziado evento com empresários em Miami.
A nota do TSE também afirma que, existindo qualquer elemento de prova que sugira algo irregular, o tribunal agirá com presteza e transparência para investigar o fato. “Mas cabe reiterar: o sistema brasileiro de votação e apuração é reconhecido internacionalmente por sua eficiência e confiabilidade. Embora possa ser aperfeiçoado sempre, cabe ao tribunal zelar por sua credibilidade, que até hoje não foi abalada por nenhuma impugnação consistente, baseada em evidências”, continua o texto do tribunal.
“Eleições sem fraudes foram uma conquista da democracia no Brasil e o TSE garantirá que continue a ser assim.”
Nesta tarde, após emitir a nota, a ministra Rosa Weber falou com jornalistas ao chegar para a sessão das turmas no STF (Supremo Tribunal Federal). Rosa não costuma se manifestar fora de processos ou notas oficiais, mas abriu uma exceção.
“Que fique muito claro: a Justiça Eleitoral não compactua com fraudes. A nota lançada hoje, em nome do Tribunal Superior Eleitoral, é muito clara. Eu mantenho a minha convicção quanto à absoluta confiabilidade do nosso sistema eletrônico de votação. E essa confiabilidade e essa segurança advêm, em especial, da auditabilidade das urnas eletrônicas. Isso foi um verdadeiro mantra durante as eleições de 2018. Tanto que, ao longo de mais de 20 anos de utilização do sistema, jamais foi comprovada qualquer fraude”, disse Rosa.
Questionada sobre o fato de Bolsonaro não ter apresentado provas das alegadas fraudes, a ministra respondeu: “Aí a atuação é do presidente, não é minha. A minha é essa que eu registrei [na nota]”. Os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Marco Aurélio Mello também comentaram as suspeitas lançadas pelo presidente da República.