Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2015
Bruna, 13 anos, não acreditou quando sua foto de lingerie, que havia dado a um garoto, passou a circular no grupo de WhatsApp “Ousadia e Putaria”, que reúne dezenas de rapazes de sua cidade. “Agora todos riem de mim”, escreveu a menina, que cortou os pulsos e está internada no hospital.
Bruna não foi a única a ter suas fotos com trajes íntimos divulgadas. Luísa, 13, foi ofendida nos corredores da escola. Já Carla, 17, hostilizada pela vizinhança, foi à polícia. Mas, surpresa: o estagiário da delegacia fazia parte do grupo, e o boletim de ocorrência foi parar no “Ousadia”. Os nomes são fictícios, mas as histórias, todas reais.
As garotas, da pequena cidade de Encantado, com cerca de 20 mil habitantes, tiveram fotos e vídeos íntimos espalhados por meio do aplicativo de celular no último mês. Mesmo com o caso na polícia, o grupo no WhatsApp continuou ativo.
Para muita gente da cidade, elas não eram as vítimas. Estavam pagando o preço por não terem se valorizado, escreveu no Facebook o dono do jornal da cidade, ao dizer que elas mereciam uma “boa cinta de couro de búfalo com uma fivela de metal fundido”. Antes, o seu jornal, o Antena, já havia falado sobre o caso de algumas meninas da cidade que resolveram se “soltar para as câmeras”.
Um grupo de mulheres resolveu comprar a briga e passou a cobrar do Ministério Público, do Sindicato dos Jornalistas e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul uma apuração sobre o trabalho das autoridades no caso.
Suspeitos serão ouvidos.
O delegado de Encantado, Paulo Peixoto, nega que a polícia tenha agido com preconceito e culpa o estagiário. “Foi demitido no dia seguinte.”
Cerca de 40 suspeitos, entre adultos e adolescentes, serão ouvidos. Eles podem ser acusados de crime contra o direito à privacidade. No caso das fotos envolvendo menores, a punição é maior.
Já o jornalista do Antena Juremir Versetti se desculpou por meio das redes sociais. “Não tive a intenção de pregar a violência contra a mulher.”