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Por Redação O Sul | 3 de janeiro de 2016
O ultrassom tem eficácia comparável à mamografia para detectar câncer. Isso é o que indica um novo estudo científico desenvolvido nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa publicada recentemente no Journal of the National Cancer Institute, a utilização do aparelho deve ser considerada no diagnóstico da doença.
A conclusão tem relevância sobretudo no que diz respeito à contenção da doença em países não desenvolvidos ou em desenvolvimento. Neles, o acesso de mulheres a mamógrafos pode ser difícil, e métodos alternativos, como o ultrassom, precisam ser avaliados.
A pesquisa, desenvolvida por profissionais do departamento de radiologia do Hospital Magee-Womens, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, em parceria com o American College of Radiology Imaging Network, recrutou 2.809 mulheres em 20 localidades de EUA, Canadá e Argentina.
Delas, 2.662 completaram o total de três exames de mama em um ano, por ultrassom ou mamografia digital. Depois, foram submetidas à biópsia ou a acompanhamento médico.
Os pesquisadores concluíram que o número de ultrassons para detectar o câncer de mama era comparável ao de mamografias. Descobriram ainda que houve uma maior proporção de cânceres invasivos nas mulheres que tinham sido submetidas a ultrassons. Enquanto o índice de falsos positivos do ultrassom excede os da mamografia, o número de mulheres que foi reconvocada para testes extras é comparável ao dos exames de rastreio tradicionais.
Teste suplementar.
“Onde a mamografia está disponível, ultrassons devem ser vistos como um teste suplementar para mulheres com mamas densas, que não satisfazem os critérios de alto risco para o rastreio por ressonância magnética e para as mulheres de alto risco com mamas densas que são incapazes de tolerar a ressonância magnética”, escreveram os autores.
O número de cânceres de mama vem aumentando no mundo todo. Em 2010, foram cerca de 1,6 milhão de novos casos da doença, resultando na morte de mais de 425 mil mulheres. Para 2030, são esperados 2,1 milhões de novos registros. No Brasil, quase 60 mil mulheres deverão ser diagnosticadas com câncer de mama em 2016, de acordo com estimativa divulgada pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer). Esse será o tipo de tumor com maior incidência entre as brasileiras.
Nova recomendação causou polêmica.
Em outubro, a ACS (Sociedade Americana de Câncer, na sigla em inglês) causou controvérsia ao divulgar uma nova diretriz, indicando que as mulheres comecem a fazer mamografia aos 45 anos. A recomendação adiou em cinco anos o início dos exames periódicos. Segundo a indicação, até os 54 anos, a mamografia deve ser anual e, depois dessa idade, realizada a cada dois anos. De acordo com a ACS, a alteração na norma foi baseada no alto índice de resultados falsos positivos em mulheres com menos de 45 anos, causando angústia desnecessária. A baixa eficácia dos exames nas mulheres nessa faixa etária também foi usada como argumento. (AG)