Quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2020
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que considera “difícil” o retorno do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ao mandato. Witzel foi afastado na sexta (28), por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de desvios na Saúde do estado.
Mourão foi questionado sobre o tema por jornalistas ao chegar ao Palácio do Planalto. Ele lembrou ainda que há um processo de impeachment em curso contra Witzel. “O governador está passando por um processo de impeachment. Ainda está uma discussão ali se a comissão que foi montada pela Assembleia está dentro da legislação ou não. Então, eu acredito que ao longo desses próximos seis meses esse processo de impeachment deve avançar. Acho difícil que ele volte”, respondeu Mourão.
O vice-presidente disse ainda que lamenta pelo povo do Rio de Janeiro e que a corrupção “parece” ter se enraizado no estado. “Eu lamento pelo povo do estado do Rio de Janeiro, viver nessa situação. Parece que a corrupção se enraizou no Rio de Janeiro. Eu lamento pelo povo do Rio de Janeiro que sofre a ausência de Estado”, completou.
“Indignado”
O governador Wilson Witzel (PSC-RJ) declarou, em um pronunciamento no Palácio Laranjeiras às na sexta (28) pela manhã, que está “indignado” com afastamento do cargo. Witzel se disse perseguido pelo governo federal e fez ataques ao ex-secretário Edmar Santos, preso pelas denúncias de corrupção na Saúde – e delator do governador.
“Essa minha indignação é a indignação de um cidadão que veio governar o Estado do Rio de Janeiro e está sendo massacrado politicamente porque há interesses que não me querem governando o estado. Há interesses poderosos contra mim e querem destruir o RJ.”
O governador fez ataques à Procuradoria-Geral da República (PGR) e pediu investigação de um suposto “uso político” da instituição. “Eu e outros governadores estamos sendo vítimas — isso precisa ser investigado — do possível uso político da instituição.”
“Eu quero desafiar ao Ministério Público Federal na pessoa da Dra. Lindôra, que a questão agora é pessoal, né? É pessoal. Ela me adjetivou como chefe da organização criminosa. Eu quero que ela apresente um único e-mail, um único telefonema, uma prova testemunhal, um pedaço de papel em que eu tenha pedido qualquer tipo de vantagem ilícita para mim”, afirmou.
Em nota, a subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo afirma que: “assim como em todos os casos que tramitam na Assessoria Jurídica Criminal para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), sua atuação é pautada em provas e é sempre submetida à apreciação do Poder Judiciário. O descontentamento dos investigados é natural e deve ser manifestado e rebatido nos autos.”
A operação que afastou o governador é desdobramento da Operação Favorito e da Operação Placebo e da delação premiada de Edmar Santos, outro alvo de ataques de Witzel.
“Edmar nos enganou a todos. Um tenente-coronel da Polícia Militar, professor da Uerj, ex-diretor do Pedro Ernesto. Esse vagabundo entra na saúde do Rio de Janeiro quando eu avisei que não toleraria corrupção e não tolero corrupção. Tentou ludibriar a todos nós.”