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Saúde O vício em celular já preocupa os médicos no Brasil

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Uso excessivo repercute na saúde e convívio social. (Foto: Reprodução)

A dependência tecnológica, que inclui o “uso abusivo” da internet, redes sociais, jogos e celulares, não é dimensionada no Brasil, mas já chega como problema a especialistas.

“Não existe nenhum órgão dizendo que há uma preocupação nacional sobre isso, mas diferentes segmentos observam que a tecnologia de forma excessiva começa a criar problemas recorrentes. Há aumento de queixas de pacientes nos hospitais universitários, nas clínicas de psicologia, de psiquiatria e em escolas”, diz o PHD em psicologia e coordenador do Grupo de Dependência Tecnológica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), Cristiano Nabuco de Abreu.

Destaque 

O Brasil tem 120 milhões de usuários de internet, o quarto maior volume do mundo, atrás de Estados Unidos, Índia e China, mostra relatório da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). Em 2016, o País foi considerado o segundo que mais usa o WhatsApp, em um levantamento do MEF (Mobile Ecosystem Forum). O primeiro lugar ficou com a África do Sul.

Embora não haja indicadores de quantos, em meio a esse batalhão, são considerados dependentes, estudos dão pistas sobre os riscos.

Uma pesquisa que a consultoria Deloitte divulgou em outubro sobre o uso de celular no dia a dia do brasileiro – com 2 mil entrevistados – mostra, por exemplo, que dois em cada três pais dizem acreditar que seus filhos usam demasiadamente o smartphone. Mais da metade dos que estão em um relacionamento veem excessos por parte dos parceiros e 33% admitem ficar online de madrugada para ver mídias sociais.

“Temos, comparativamente a outros países, uma quantidade de tempo de uso da tecnologia bastante expressiva e aumentando”, alerta Nabuco, também autor do livro Internet addiction in Children and Adolescents (em tradução livre: O vício em internet entre crianças e adolescentes).

A preocupação vai além, no entanto, do tempo gasto. Se concentra, principalmente, na relação do usuário com esse tipo de ferramenta, diz Eduardo Guedes, pesquisador e membro do Instituto Delete – primeiro núcleo do Brasil especializado em “desintoxicação digital” na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Essa relação, segundo ele, pode ser dividida em uso consciente, quando o virtual não atrapalha a vida real; uso abusivo, quando atividades online são priorizadas em detrimento das offline; e uso abusivo dependente, quando o virtual atrapalha o real e há perda de controle.

O Instituto pesquisa o impacto das tecnologias desde 2008 e já ofereceu atendimento gratuito a cerca de 500 pessoas, nem todas com dependência diagnosticada.

Frases como “desliga o computador e vai dormir”, “sai do Face e vai trabalhar”, “fecha o WhatsApp e come o jantar” e “larga o celular para não bater o carro” são usadas para chamar a atenção no site que divulga os serviços.

A sensação de prazer despertada nos usuários é uma das possíveis explicações para a dependência. “Falar de si gera um prazer equivalente a se alimentar, ganhar dinheiro ou fazer sexo. E em 90% do tempo as pessoas estão falando de si nas redes sociais, com feedback instantâneo”, complementa Guedes. “Em uma conversa normal, em 30% do tempo normalmente se fala sobre si”.

Os dados são de uma pesquisa da Universidade de Harvard segundo a qual esse comportamento gera um mecanismo de recompensa no cérebro, graças à liberação de dopamina, além de endorfina, ocitocina e serotonina, hormônios ligados ao prazer.

Mas esse prazer é temporário, observa Guedes. “E vira problema quando passa a ser a fonte exclusiva de prazer, quando a pessoa passa a viver para postar a foto e deixa de aproveitar o momento”.

Gianna Testa, integrante da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), explica que o “sistema de recompensa” do usuário é muito afetado por estímulos – ou pela ausência deles – criados pelo reconhecimento virtual nas redes sociais, como medida de aceitação e sucesso.

O efeito seria comparável ao da dependência de substâncias químicas no sistema nervoso central.

“Hoje é muito claro em adolescentes, por exemplo, o quanto a autoestima depende do número de curtidas, do sucesso que eles têm nas redes sociais”, observa a especialista, também sócia da ASEAT, uma assessoria de segurança e educação em alta tecnologia, de Brasília.

Um conjunto de cinco critérios são observados para avaliar se o uso da tecnologia deixou de ser saudável. O primeiro deles mede quão importante o celular se tornou para trazer a sensação de “refúgio de prazer ou segurança”. Quanto maior a importância da ferramenta, mais grave a condição do usuário.

Outro termômetro é a relevância da tecnologia no dia a dia. Ir ao banheiro ou para a cama, por exemplo, e levar o celular junto pode parecer inofensivo, mas, em alguns casos, indica distúrbio.

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https://www.osul.com.br/o-vicio-em-celular-ja-preocupa-os-medicos-no-brasil/ O vício em celular já preocupa os médicos no Brasil 2017-11-20
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