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Por Redação O Sul | 26 de março de 2016
Documentos apreendidos pela Operação Lava-Jato na casa de um executivo da empreiteira Odebrecht indicam que o grupo pode ter usado distribuidoras de cerveja para mascarar doações eleitorais superiores a 30 milhões de reais.
Desde quarta-feira, com a revelação do conteúdo das planilhas de beneficiários de recursos, os políticos citados têm justificado a legalidade do dinheiro recebido. Alguns deles, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT) mostraram recibos oficiais em nome da Praiamar ou da Leyroz de Caxias. Ambas as empresas, porém, não são ligadas à construtora, mas ao grupo Petrópolis, fabricante das cervejas Cristal e Itaipava.
Nas planilhas da Odebrecht, o nome “Itaipava” aparece anotado à mão, ao lado da indicação de um repasse de 500 mil reais para Luís Fernando Pezão (PMDB), atual governador do Rio de Janeiro. Essa mesma doação está relacionada, no topo da coluna dos valores, a um certo “Parceiro IT” – indício de financiamento de campanha dividido entre a empreiteira e a cervejaria.
Em outros trechos das planilhas, há valores significativos associados ao “Parceiro IT”. Isso inclui 5,8 milhões de reais para a campanha eleitoral de 2012. Um outro quadro, sem data, o “parceiro” aparece como responsável por doações de 30 milhões de reais a 13 partidos, dentre eles PT, PMDB e PSDB.
Apesar de atuar em um setor cuja lucratividade não depende diretamente de contratos com governos ou votações no Congresso Nacional, o grupo Itaipava aparece entre as principais doadoras nas campanhas de 2010, 2012 e 2014. (AE)